[RESENHA] Bom dia, Sr. Mandela – Zelda la Grange / Editora Novo Conceito

por Biia Rozante
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Bom dia, Sr. Mandela – Zelda la Grange



Sinopse: Bom Dia, Sr. Mandela conta a extraordinária história de uma jovem que teve suas crenças, preconceitos e tudo em que sempre acreditou transformados pelo maior homem de seu tempo. A incrível trajetória de uma datilógrafa que, escolhida para se tornar a mais leal e devotada assessora de Nelson Mandela, passou a maior parte de sua vida trabalhando ao lado do homem que ela passaria a chamar de Khulu , ou avô.

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P.S. Livro cortesia da editora parceira.


”Na vida, não é importante o que acontece com você, mas como você enfrenta o que acontece com você. ”


Ainda que de maneira básica e simples eu sempre escutei falar o nome Mandela, nunca me aprofundei em pesquisas ou busquei informações sobre este GRANDE homem e após ler esta obra tão vivida e intensa, o arrependimento por nunca ter buscado mais sobre ele é grande. Mandela não mudou apenas a vida da autora Zelda, mas de milhares de pessoas, inclusive a minha.

Já vou avisar de antemão, está não será uma resenha comum, mas tentarei fazer o meu melhor para fazer algo bacana.

Em BOM DIA, SR. MANDELA, somos apresentados ao homem por trás do político e humanista, contado através dos olhos de Zelda la Grange.

Zelda começou a trabalhar para o governo como datilógrafa em 1994, no ano em que o Apartheid – período de segregação racial, onde os negros eram considerados nada, eram oprimidos e descriminados com crueldade -, chegou ao fim. Quando Zelda nasceu Mandela já estava preso, e ela cresceu dentro das diretrizes do apartheid, branca de olhos claros, acreditou durante anos na supremacia branca, assim como muitos foi racista, odiava os negros e aqueles que por eles lutavam, cresceu temendo Mandela, chegando a vê-lo como terrorista. Mas isso mudou.

Vinte e sete anos após ter sido preso, Mandela foi liberto e tornou-se presidente e uma verdadeira revolução foi feita, ele mudou tudo, inclusive a maneira como as pessoas pensavam e Zelda foi destas pessoas. Como funcionaria do governo, Zelda mesmo que evitando ao máximo precisou ter contato com o presidente e quando o conheceu sentiu-se envergonhada por seu comportamento. Mandela não guardava mágoas dos brancos. Zeldina como Mandela a chamava, tornou-se sua secretária pessoal, a pessoa em quem ele mais confiava. Com o novo cargo também vieram as responsabilidades, Zelda precisou abdicar de sua vida pessoal, ela não tinha tempo para amigos ou família, suas 24 horas diárias eram praticamente todas dedicadas a Khulu – avô na língua Xhosa -, e a maneira como o chamava, até seu falecimento em dezembro de 2013.

Mandela ou Madiba – como os mais íntimos o chamavam -, fascina, é impossível não se sentir atraído, admirado e respeitá-lo, ele lutou bravamente e mesmo após vinte e sete anos preso, quando saiu da prisão não buscou por vingança ou odiando aos brancos, muito pelo contrário, ele sempre falava sobre perdão e lutou pela união branca e negra, a fim de mostrar que cor nenhuma ditava os valores da África do Sul. Foi generoso, bondoso, um homem que cometeu erros – e alguns realmente me deixaram de queixo caído -, humano, humilde e solidário, um líder que influenciou a política mundial, inteligente, sagaz, que sempre era chamado para ajudar na tomada de decisões difíceis, que teve como missão de vida trazer a paz e a compaixão.

“Quando você fala com um homem, você fala com sua cabeça, mas, quando você fala com ele em sua língua, você fala com seu coração.”


Dividido em quatro partes, BOM DIA, SR. MANDELA é mais como um relato intenso do que uma biografia. Zelda conhecia esse homem com maestria, sabia de suas manias, costumes e tudo o que dizia respeito a ele. Sua narrativa é envolvente, cativante e por muitas vezes me fez sentir como se estivesse junto a eles, vivenciando a cena em tempo real. Uma leitura intensa e por muitas vezes dolorosa o que me fez chorar em diversos momentos, existem relatos que me fizeram fechar o livro e ter que sair para respirar, tamanha a carga emocional e os ensinamentos retratados em cada página. Foi maravilhoso ler a obra e ter o prazer de conhecer o homem real por trás do herói.

Ao terminar de ler fiquei com um pouco de inveja de Zelda, deve ter sido fascinante aprender, e conhecer este grande homem. Tenho plena certeza do quanto ela amadureceu como ser humano, da quantidade infinita de ensinamentos que teve e as lembranças que carregará para a vida toda.

Dois pontos que me incomodaram um pouco, primeiro Zelda idolatra Mandela e até mesmo quando ela tende a tecer comentários da maneira como se sacrificou pelo trabalho, dos erros que ele cometeu, ela ainda fala dele como se ele fosse um Deus. É nítida sua paixão e adoração. Podem me condenar, mas em determinados momentos cheguei a me questionar se o relacionamento deles havia sido apenas profissional. Segundo, eu não sou o tipo de pessoa que gosta de política, e aqui temos muito disto. De qualquer forma acredite, esses dois pontos em nada diminuem a beleza da obra. Vale muito a pena a leitura.


Eu realmente amei a obra e olha que não gosto de biografias. Espero ter sido capaz de passar pelo menos um pouquinho do quanto este livro mexeu comigo e ter feito algum sentindo em minhas palavras.

Até a próxima! Bye.

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