[RESENHA] Vick – Anne Amorin / Planeta Literário

por Biia Rozante
0 comentário

Vick – Anne Amorin

Sinopse: Eu me chamo Vick. Não sei quem eu sou. Não conheço o meu passado, meu presente é horrível, e meu futuro é incerto. Vick não se lembra de como foi parar na casa de Ivan. Seu passado, quem ela é ou qual é a sua família são incógnitas. A única coisa que tem certeza é de que seu presente é insuportável demais. Ela odeia o toque de Ivan e as coisas que é obrigada a fazer para continuar vivendo. A sua única solução é fugir. Mas, para aonde? Vick não tem dinheiro e não conhece ninguém que possa lhe ajudar. Mas qualquer coisa é melhor do que continuar no único lugar que ela conhece. Ela irá atrás de uma vida melhor e quem sabe encontrar o seu passado para tentar ter um futuro. Será possível escapar de Ivan? Conheça a história da Vick. Uma menina sem passado, com um presente cheio de monstros e um futuro incerto.

P.S. Livro recebido de cortesia pela editora parceira. 

 SKOOB ✥ AMAZON ✥ FÍSICO 


Inquietante, perturbador, denso e doloroso. Vick não é um livro fácil de se ler, se você tem intolerância a cenas de violência e abuso – principalmente com criança -, talvez deva se manter longe, aqui nada vem camuflado é tudo cru, descrito com riqueza de detalhes te fazendo sentir na própria pele.

Vick foi sequestrada em frente à sua casa quando tinha apenas três anos de idade. Ela cresceu longe do amor, longe de sua família, em condições deploráveis e monstruosas e apesar de ter sido tratada como uma criança “normal” até seus dez anos, após esse período nada pode ser descrito como humano. Seus atroz são pai e filho, dois homens que só posso descrever como doentes, débeis, sem nenhuma ranhura de amor, humanidade ou bondade em seus corações. Eles não pouparam tortura, maus-tratos quando o assunto era atormentar a vida dessa jovem. E foi doloroso acompanhar cada capítulo.

Essa jovem conforme os anos vão passando, não cai no conformismo, não se vê abatida, muito pelo contrário, ela alimenta a esperança de um dia poder fugir e recomeçar sua vida, construir algo sólido, ter uma verdadeira família, ter esperanças de um futuro melhor, tem sonhos de poder viver. E quando a oportunidade surge, apesar de suas inúmeras tentativas frustradas, ela enfim consegue. E quando isso acontece… é lindo.

“Infelizmente eu cresci e aquelas ameaças se concretizaram. E com elas, eu aprendi da pior maneira que todas as pessoas possuíam um lado obscuro.”


Me fascinou a maneira como a autora descreveu sua fuga, o primeiro contato dela com o mundo exterior, desvendando suas cores, sabores e formas. Ela é como uma criança aprendendo dar seu primeiro passo, como um passarinho que está sendo jogado do ninho para seu primeiro voo.

Ao longo do caminho Vick encontrará pessoas que a acolherão e a ajudarão nessa nova caminhada, assim como encontrará aqueles que preferem derrubar a estender uma mão e ajudar. Nada na vida dessa menina será fácil ou simples e Vick terá que continuar lutando para se manter firme em seus projetos e propósitos.

Em alguns momentos a escrita, ou melhor, algumas situações soam infantis, mas se pararmos para analisar faz sentido, a personagem precisa dessa abordagem. Vick teve sua infância roubada, ela não teve contato com o mundo, ou com outras pessoas, então essa ingenuidade, e momentos infantis condizem com o que ela passou.

“— Ainda prefiro mais “dog hot”. — respondi, e o Will começou a gargalhar.— É hot dog, Vick. — Hugo disse, rindo.”

O que me incomodou na obra foi que o romance aconteceu muito rápido levando em consideração tudo o que a personagem passou, todos os tipos de violência física e emocional, senti que faltou trabalhar esse lado da cura, da confiança, da reintegração da personagem com a sociedade de modo geral, já que ela esteve trancafiada desde os três anos de idade. Assim como acho, que ocorreu um exagero nas cenas eróticos, em minha opinião o contexto da história em si não pedia essas cenas. Deixando a leitura fria e incomoda. Em alguns momentos senti que faltou a emoção necessária, que teve aspectos que poderiam ter sido melhores explorados.

Mas vale ressaltar que os apontamentos aqui realizados em nada amenizam o valor que a obra tem em chamar a atenção para o que infelizmente pode acontecer com qualquer pessoa. Para o que muitas vezes preferimos tapar os olhos e nos fazer de cegos diante de situações cruéis e lamentáveis como essa. Sequestro, abuso, violência, violação, tortura e em muitos casos a morte. Por isso recomendo que SIM, leiam.

De modo geral a obra foca em recomeços, superação, segundas chances, laços familiares e a força de seguir em frente mesmo diante de tantos traumas. O final do livro foi surpreendente, por tudo que a personagem passou e isso foi um ponto positivo.

“- Eu tenho fantasmas Will, tenho medo, inseguranças,mas não quero que elas atrapalhem nós dois. Não sei o que estou sentindo,porque é muito diferente, só sei que não quero te perder.”

Preciso deixar meus parabéns para a autora pela coragem de abordar tal tema. E parabéns pela maneira como ela conseguiu deixar a leitura rápida e fluida, porque mesmo me sentindo incomodada em muitas situações, o livro se tornou um vício e eu não consegui largar enquanto não cheguei ao fim.

Parabéns a editora pelo trabalho lindo e simples realizado com a obra, mas deixarei aqui minha ressalva, em nenhum momento consegui associar a capa com a história, não que ela esteja feia, porque não está, apenas acho que faltou algo.

Até a próxima! Bye.

Image and video hosting by TinyPic

LEIA TAMBÉM

Deixe um COmentário