[RESENHA] O Ano em que Te Conheci – Cecelia Ahern / Editora Novo Conceito

por Biia Rozante
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O ANO EM QUE TE CONHECI – Cecelia Ahern

Sinopse: Bem-vindos ao mundo imperfeito de Jasmine e Matt. Vizinhos, eles não têm o menor interesse em tornarem-se amigos e nunca haviam se falado antes. Estavam sempre ocupados demais com suas carreiras para manter qualquer tipo de contato. Jasmine, mesmo sem nunca tê-lo encontrado, tem motivos para não suportar Matt. Ambos estão em uma licença forçada do trabalho e sofrendo com seus dramas familiares. Eles precisam de ajuda. Na véspera de Ano-Novo, os olhares de Jasmine e Matt se encontram de forma inusitada pela primeira vez. Eles têm muito tempo livre e precisam rever seus conceitos para poder seguir em frente.Conforme as estações do ano passam, uma amizade improvável lentamente começa a florescer. Uma história dramática, original e divertida como só Cecelia Ahern é capaz de escrever.

* Livro cortesia da editora parceira. 

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“Milagres só crescem onde você os planta.”


O ANO EM QUE TE CONHECI é um livro reflexivo, uma obra escrita no intuito de te fazer refletir, te tirar da sua zona de conforto e analisar o modo como o qual tem vivido. Te levando a questionar decisões, ações e prioridades. Algo que se tornou característico da autora, ter esse leve toque de “autoajuda”, ainda que de maneira disfarçada.

Jasmine é uma mulher independente, inteligente e determinada. Com uma mente criativa, está sempre tendo novas ideias e projetos, os dando vida, fazendo com que se desenvolvam e então, vendendo-os. Uma mulher solitária que leva uma rotina corrida e toda planejada, que vê sua vida sofrer uma grande reviravolta ao ser demitida pelo cofundador da empresa em que trabalha, tendo como agravante um contrato firmado no início da parceria, impondo que ela não possa arrumar outro emprego por um ano – esse contrato, implica que receberá seu salário normalmente nesse período de “descanso”, – o que evitaria sua ida para uma empresa concorrente, ou até mesmo que crie um novo projeto, já que isso é sua especialidade. Com opções limitadas e sem ter o que realmente fazer, ela resolve prestar atenção ao que está acontecendo a sua volta, tornando-se consciente da vizinhança em que mora e em especial um vizinho por quem tem uma enorme antipatia desde a juventude… Matt um radialista, que tem como hábito chegar em casa tarde da noite bêbado, gritando, buzinando, assustando sua esposa e filhos. Um personagem ácido, com problemas familiares e intrigante.

“(…) Eu não o conheço, e não devo nada a você. Mas sei que todos nós temos um botão de autodestruição e não posso deixar você fazer isso. Não enquanto eu estiver de olho em você.”


Em O ANO EM QUE TE CONHECI, mergulhamos com tudo dentro da rotina e da “perturbada” mente de nossa protagonista ao longo de um ano. Ano esse em que ela aprende muito mais sobre si mesma do que em seus trinta e quatro anos de vida. Jasmine precisou desacelerar, interromper sua rotina para ser capaz de notar que a sua volta existia vida, conforme os dias vão passando, nota o quanto tem negligenciado amigos e família, a maneira como é uma estranha em sua própria rua, descobrindo meios de ocupar a mente e suas horas vagas. Ela também desenvolve uma obsessão em observar seu vizinho odioso, e quanto mais o espia, mais acredita saber sobre ele e sua vida, tornando-se uma julgadora terrível. Porém, com o passar do tempo ainda que não queiram acabam se aproximando e desenvolvendo uma amizade.

“Percebo que estava segurando o ar o caminho inteiro e finalmente o solto. O alívio que sinto me surpreende: você fez isso por mim, você é importante para mim, mas isso vai totalmente contra a maneira como sempre me senti a seu respeito.”


O que mais gostei na obra foram os temas debatidos. Como costumamos julgar as pessoas o tempo todo, por aquilo que escutamos e que pensamos saber a respeito das mesmas, ainda que jamais tenhamos trocado uma palavra sequer. O modo como somos pré-conceituosos, formando opiniões e distribuindo antipatia sem nenhum motivo aparente. A maneira como somos sugados para dentro de nossa própria rotina e mundo capitalista que acabamos por nos esquecer do que realmente é importante – Família, amigos, lazer, espiritualidade e amor -, outro fato que me agradou foi à autora ter incluído um personagem com síndrome de Down, mostrando que apesar de suas “limitações”, eles são sim perfeitamente capazes de serem independente e viverem ao seu próprio modo, quebrando alguns tabus.

“(…) me dou conta de que não posso fazer parar aquilo que está esperando por mim. Uma boa parte da jardinagem é se preparar para o que vem em seguida, para a nova estação e seus elementos, e preciso começar a fazer isso com minha vida.”


Outro ponto positivo da obra é o nítido choque de realidade, amadurecimento e autoconhecimento que os personagens sofrem ao longo dos capítulos. Aqui temos personagens com características verossímeis, que são imperfeitos, cheios de inseguranças, dúvidas, medos, tentando encontrar seu lugar no mundo e buscando meios de serem capazes de lidar com as dificuldade e adversidades, ao mesmo tempo em que desejam serem fortes, seguros e controlados. A nós ficou o recado: desacelere, respire, experimente, escute, observe, se alivie de si mesmo, cobre-se menos e deixe que a vida corra de maneira mais leve e desprendida encontrando assim seu verdadeiro caminho.

“Não foi apenas minha jornada, nem tudo girou em torno de eu caindo em um abismo e um homem me salvando, apesar de eu ter tropeçado, e você ter caído, e o amor ter acontecido para mim e ter se consertado para você. Isso aqui é sobre eu e você, nossa queda e nossa ascensão com as estações do ano, e sobre o que aconteceu quando uma porta se fechou para nós dois.”


Notou que evitei ficar falando sobre os personagens e suas histórias? Pois bem, estou evitando soltar spoilers e entregar demais sobre o enredo em si. Como o livro tem um enfoque central que é a personagem principal e seu vizinho fica difícil falar sem revelar pontos importantes.

De modo geral gostei bastante da obra em si. Porém, preciso ser honesta e dizer que a narrativa adotada pela autora me incomodou muito, o que tornou a leitura em alguns momentos maçante e cansativa. Demorei para engrenar na leitura e tive dificuldade para me envolver com os personagens. Isso pode ter ocorrido por estar com as expectativas altas e após ler a sinopse ter imaginado algo totalmente diferente. Jasmine e Matt me irritaram demais em alguns momentos, assim como julguei que a amizade de ambos demorou muito para de fato acontecer, em minha opinião a autora perdeu tempo demais estendendo o sofrimento, a autopiedade e chororô da protagonista e acabou fazendo um final mais corrido. Quanto a romance, ele ficou em terceiro, quarto plano o que me fez considerá-lo quase que inexistente. Mas, de qualquer forma, apesar de todos os meus apontamentos a obra é interessante, profunda e reflexiva. Vale a pena a leitura.



Cecelia tem uma escrita muito particular. Ela sabe onde tocar, o ponto que nos leva a refletir. Seus personagens são fortes, donos de personalidades marcantes e suas histórias sempre são cheias de drama e situações que geram identificação. Gosto da maneira como ela aborda os mais diversos temas dentro de uma mesma história.

Amei a capa do livro, tem tudo a ver com a história. A Diagramação está simples e muito bem feita. Parabéns Novo Conceito.

Até a próxima! Bye.

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