[RESENHA] Juntando os Pedaços – Jennifer Niven / Editora Seguinte

por Biia Rozante
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Juntando os Pedaços – Jennifer Niven

Sinopse: Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso — até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito.

* Livro cortesia. 

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Sensível, ousado, sagaz. JUNTANDO OS PEDAÇOS é o tipo de livro criado com o intuito de te fazer refletir, questionar e debater. Aquele tipo que é muito mais do que aparenta. Mais que um romance, mais que um mero drama, uma combinação perfeita de elementos necessários para criar uma boa história de vida, inspiradora e real.

Jack possui um segredo, algo que ele omite de todos – amigos e família – ele tem “prosopagnosia” uma doença neurológica que basicamente impede o portador de identificar rostos, ou seja, todas as pessoas a sua volta são estranhos, inclusive ele mesmo. O que ele faz para driblar essa limitação é se concentrar em características físicas que distingue as pessoas, como por exemplo cor da pele, cabelo, altura, mas isso nem sempre funciona da maneira desejada. Tido como um dos jovens mais populares da escola, Jack é um bom aluno, bonito, de sorriso fácil e namora uma das meninas mais disputadas e bonitas, mas engana-se quem pensa que ele é apenas um garoto superficial e arrogante como ele gosta de representar, existe muito mais por baixo da fachada usada como defesa, muito mais dentro de sua cabeça confusa, além de sua doença secreta, Jack enfrenta problemas familiares e conflitos internos que o perturbam diariamente.

Libby já chegou a ser considerada a adolescente mais gorda dos Estados Unidos. Quando tinha dez anos perdeu a mãe repentinamente, não sabendo como lidar com essa perda e perdida vendo a devastação de seu pai, ela passou a enfrentar crises de ansiedade, pânico e um medo constante da morte, o que a fez  descontar sua dor e frustração tudo na comida, até chegar ao ponto de precisar ser resgatada por um guindaste em sua casa. Alguns anos depois Libby passou por uma grande transformação, já eliminou 140 Kg e ainda que esteja muito acima do peso, tudo o que deseja é ser capaz de levar uma vida normal, voltar a escola é o primeiro passo, realizar seus sonhos o próximo, o problema é que os obstáculos que ela terá que enfrentar são muito piores do que a obesidade, jovens cruéis, julgamentos desnecessários e a humilhação.

“— A gente não pode lutar as batalhas das outras pessoas, por mais que dê vontade.”


Dois jovens que em nada combinam, opostos e inalcançáveis. Duas pessoas que ao seu modo lutam dia após dia e que após um encontro desrespeitoso e humilhante, acabam tendo seus caminhos ligados. Abra seu coração, prepare seu psicológico, porque daí por diante é tapa na cara, peito apertado, sorriso no rosto, emoções a flor da pele e lições para a vida toda.

“A perda faz isso, nos atinge do nada. Podemos estar no carro ou na aula ou no cinema, rindo e nos divertindo, e de repente é como se alguém enfiasse o dedo na ferida e apertasse com toda a força.”


É preciso falar sobre bullying, sobre a dificuldade em aceitar as diferenças, sobre julgamentos. É preciso falar sobre humanidade, empatia, respeito, AMOR. Amor pelo próximo, pelo seu semelhante – por baixo de toda carapaça, da pele, músculos, carne, nervos, somos todos iguais, idênticos, esqueletos, um amontoado de ossos e ainda assim seres únicos que merecem ser tratados como tal.

“— Sabe de uma coisa? Ver você encarando o mundo de novo é mais difícil do que eu esperava.”


Jack está tão preso dentro de si, cheio de incertezas, medos e dúvidas, que em determinado momento passa a temer não ter futuro e se perder, não ser capaz de se reconhecer e isso o aflige. Ele não consegue compartilhar seus segredos, teme o julgamento e acredita que sua doença o impedirá de ser normal, e devido a isso está perdendo sua essência, os melhores momentos da sua vida. Porém ele também é o personagem que mais cresceu, amadureceu e evoluiu ao longo dos capítulos, na verdade todos nós leitores ao longo da leitura. E adivinhem por quê?

“(…) tento me encolher, como se ao me concentrar bastante eu conseguisse diminuir até ficar do mesmo tamanho dos outros. Um tamanho aceitável, o que quer que isso signifique. Um tamanho que não faça com que todo mundo se sinta tão desconfortável.”


Libby é fantástica, não tenho outra palavra para descrevê-la. Ela foi à personagem com quem mais me identifiquei, na verdade ler sua história foi como voltar no tempo de escola e faculdade e rever a mim mesma, foi de longe doloroso e reconfortante, como se eu tivesse colando meus próprios pedaços estilhaçados ao longo de anos e anos. Ela vivenciou a perda, lutou contra si mesma, enfrentou seus medos e todos aqueles que tentaram diminuí-la e menosprezar. Jamais aceitou a derrota e vai atrás dos seus sonhos mesmo que a digam que jamais irá realizá-los. Forte, decidida, inteligente, uma flor que desabrocha para o mundo e o encara com um sorriso no rosto, uma jovem brilhante e linda que de algum forma toca a todos e consegue deixar sua marquinha.

Jennifer Niven foi sensacional na criação deste enredo, sua sensibilidade, cuidado e tato para lidar com cada problema e circunstância foi brilhante. O que dizer dos personagens e seus problemas? Ousado, original e lindamente bem explorado, dois jovens procurando conquistar seu próprio espaço e vivê-lo a melhor maneira. Com capítulos curtinhos que intercalam cada história a autora nos cativa e prende a cada página, primeiro ao apresentar cada personagem em sua própria vida e depois os ligando e tornando a história ainda mais intrigante e viciante.

“(…) de repente sou tomada por uma sensação de segurança e acolhimento que não sentia há muito tempo. É a sensação de que tudo vai ficar bem. Você vai ficar bem. Talvez já esteja. Vamos ficar juntos, só nós dois.”


JUNTANDO OS PEDAÇOS te fará sorrir, se emocionar, vibrar, sonhar, refletir e crescer. Uma leitura que não irá simplesmente passar na sua lista de leituras, mas que se infiltrará em seu coração. Acredite quando eu digo que todos somos seres únicos. Que cada qualidade e defeito é o que nos diferencia e nos torna tão especiais. Viva seus sonhos, acredite neles e os torne realidade. Não se limite, não aceite os julgamentos, você é mais, melhor e capaz. Você não está sozinho. A verdadeira força e beleza são as que estão dentro de você e que exala através de seus poros através de um sorriso, uma lágrima ou uma atitude do bem.

“Estamos fazendo isso. Isso está acontecendo. Nós nos encontramos e mudamos o mundo. O dele e o meu.”


Se amei a história? Acredito que tudo indique que SIM. Me identifiquei total e mais que ler, eu vivi cada palavra. RECOMENDO a todos os leitores sem exceções. Sei que não fiz jus a obra, mas espero ter despertado em seu coração a curiosidade de ler.


Obrigada ao Grupo Companhia das Letras e Editora Seguinte pela oportunidade de receber a prova do livro. Amei a capa, a diagramação e o carinho de vocês.
Até a próxima! Bye.

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