[RESENHA] Dumplin’, Cresça e apareça. Faça e aconteça! – Julie Murphy | Editora Valentina

por Biia Rozante
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DUMPLIN’: Cresça e apareça. Faça e aconteça! – Julie Murphy

Sinopse: Especialmente para os fãs de John Green e Rainbow Rowell, apresentamos uma destemida heroína e sua inesquecível história sobre empoderamento feminino, bullying, relação mãe e filha, e a busca da autoaceitação. Sob um céu estrelado e ao som de Dolly Parton, questões como o primeiro beijo, a melhor amiga, a perda de alguém que amamos demais e “estou acima do peso e ninguém tem nada com isso” fazem de Dumplin’ um sucesso que mexerá com o seu coração. Para sempre. Gorda assumida, Willowdean Dickson (apelidada de Dumplin’ pela mãe, uma ex-miss) convive bem com o próprio corpo. Na companhia da melhor amiga, Ellen, uma beldade tipicamente americana, as coisas sempre deram certo… até Will arrumar um emprego numa lanchonete de fast-food. Lá, ela conhece Bo, o Garoto da Escola Particular… e ele é tudo de bom. Will não fica surpresa quando se sente atraída por Bo. Mas leva um tremendo susto quando descobre que a atração é recíproca. Ao contrário do que se imaginava – a relação com Bo aumentaria ainda mais a sua autoestima –, Will começa a duvidar de si mesma e temer a reação dos colegas da escola. É então que decide recuperar a autoconfiança fazendo a coisa mais surreal que consegue imaginar: inscreve-se no Concurso Miss Jovem Flor do Texas – junto com três amigas totalmente fora do padrão –, para mostrar ao mundo que merece pisar naquele palco tanto quanto qualquer magricela.

E não é, que ele se mostrou totalmente diferente do que eu esperava. Calma, não chegou a ser algo ruim. Quando li a premissa, vi a capa e todo o marketing sobre o livro, pensei: Teremos uma Girl Power detonando, uma mulher mais velha, decidida, nascida para brilhar… Entretanto, aqui encontramos uma jovem de dezesseis/dezessete anos, se descobrindo, descobrindo o amor, tentando sobreviver à escola, a um concurso de beleza e se manter firme em suas convicções. A trama pode não ter se tornado algo memorável, mas com certeza foi boa o suficiente para ser considerada marcante e capaz de nos fazer refletir.

Will mora em uma cidadezinha do Texas, famosa por seu concurso de beleza Miss Jovem Flor do Texas, concurso esse do qual sua mãe já foi coroada a rainha, e hoje é uma das organizadoras do grande evento. Para que se possa entender a proporção do mesmo, toda a cidade para, pra acompanhar, todas as jovens sonham em se candidatar, é como se isso acrescentasse algo a mais em seu currículo, como se fosse capaz de mudar suas vidas. Todas menos Will, que mesmo tendo crescido cercada por tudo isso, tudo que deseja é distancia de toda a superficialidade e o que ele representa.

Quem nunca se sentiu insegura presa na sua própria pele? Quem nunca se olhou no espelho e desejou poder mudar algo? Quem nunca almejou ser aceita exatamente como é?

“(…) A perfeição não é nada mais do que um fantasma que perseguimos.”


Will sempre morou com a mãe e a tia, com quem dividia uma relação especial e algumas paixões como, por exemplo, o amor por Dolly Parton, infelizmente sua tia faleceu e mesmo que já tenha um tempo, para Will não está sendo fácil aceitar. Já o relacionamento com sua mãe nunca se mostrou tranquilo, Will não se sente exatamente amada pela mãe, que não a aceita, compara e sem perceber, ou até mesmo conscientemente causa uma dor imensa na própria filha. É possível sentir a fragilidade da relação entre ambas, a mãe de Will teme pela felicidade da filha, ela acredita que se Will for gorda a vida toda, acabara tendo o mesmo destino de sua irmã, ainda que imperceptivelmente também projeta na jovem suas inseguranças e medos, o que torna o relacionamento entre ambas ainda mais abalado. É como se estivessem constantemente pisando em ovos uma com a outra.

“Pela primeira vez na vida, eu me sinto ínfima. Minúscula. Mas não de um jeito que me intimida, e sim me torna livre e poderosa.”


Will me conquistou logo de cara. Ela é forte, inteligente e esforçada, porém como toda jovem que sofre e vê outros sofrerem bullying acaba se abalando e rachando junto. Ela tenta se manter forte, ter uma mente decidida, manter suas convicções, entretanto, quando se depara com o amor, em um envolvimento físico com outra pessoas, suas inseguranças afloram e fazem com que ela recue. Outro ponto de ruptura é quando sua melhor amiga parece se tornar cada vez mais distante e quando se dão conta já disseram e fizeram coisas das quais podem não ter volta. Diante tudo que está acontecendo, suas inseguranças, medos, relações abaladas, pessoas que parecem acreditar em sua força, ela toma uma atitude impulsiva, se inscreve no concurso de beleza e essa decisão pode não ser bem aceita…

“Talvez as gordas, as mancas, ou as gengivudas e dentuças não costumem vencer concursos de beleza. Talvez não seja a norma, mas o único jeito de mudar isso é marcando presença. Porque ninguém vai nos dar nada de bandeja.”


Dumplin’é mais que apenas um livro sobre uma jovem gorda e insegura tentando sobreviver ao ensino médio. É um livro sobre aceitação, respeito e acima de tudo AMOR PRÓPRIO. A sociedade impõe tanto os padrões de beleza, focam tanto na “perfeição” física que isso se enraíza em quem somos, refletindo diretamente no modo como nos sentimos a respeito de nós mesmos. É quando passamos a nos julgar insuficientes, não merecedores, rejeitados, excluídos… É quando nos tornamos os próprios preconceituosos, julgando e apontando tanto quanto fazem conosco.

“— Sei lá, acho que você deve ser quem quiser ser, até sentir que é a pessoa que está tentando se tornar, seja lá quem for. Às vezes, fingir que a gente é capaz de fazer uma coisa é meio caminho andado.”


Ser gordo não é um crime, não te torna menos do que ninguém, não te torna doente. Ser gordo pode sim ser uma escolha, não há nada de errado em se assumir como é, e não se trata de aceitação, mas sim de RESPEITO, saber que ser diferente é legal, que não preciso ser o que querem que eu seja, basta eu ser eu mesma e estar bem com isso.

Ficha técnica:
Jovem Adulto, Romance | Editora Valentina | 2017 | 1° Edição | 300 páginas | Cortesia | Classificação: 4/5 | SKOOB
Compre aqui: AmazonSaraivaCulturaTravessaFolha
Até a próxima! Bye.

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Lili Aragão 16 de julho de 2017 - 14:25

Oi Bia, Dumplin tá com uma capa linda e a campanha que vi de divulgação da editora me deixou curiosa sobre ele, gostei de saber um pouco mais através da resenha e espero lê-lo futuramente 😉
Will parece uma personagem bem humana e as resenhas que tenho lido já me fizeram criar uma empatia enorme por ela, já tô com triste com o comportamento da mãe, a morte da tia, o distanciamento da melhor amiga e torcendo pra ela ser feliz e ganhar o concurso haha, mas pelo que li aqui na resenha a história tá acima de tudo isso e trata de um tema bem importante, aceitação e amor próprio, o que é bem legal. A Resenha tá ótima e espero ter a oportunidade de ler também 😉

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Biia Rozante | Atitude Literária 29 de novembro de 2017 - 09:14

Oooiii Lili. Simmm, a história vai bem além. Em uma sociedade que impõe padrões a todo momento e na maioria das vezes, padrões inalcançáveis é importante dar voz para o outro lado. Cada pessoa tem sua própria beleza, é importante ressaltar isso. Assim como aceitação, amor próprio, confiança e respeito… É o diferente que torna a pessoa especial. <3 Beijos

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