RESENHA: As Coisas que Fazemos Por Amor – Kristin Hannah | Editora Arqueiro

por Biia Rozante
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Já dizia William Shakespeare: “Não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não para, para que você o concerte.”

Não sei como me posicionar, como chegar aqui e abrir mais meu coração do que já tenho feito sempre que falo da experiência de leitura de um livro da Kristin Hannah. Será que se colocar aqui uma foto minha, após a conclusão da leitura de cara inchada, olhos vermelhos e rios de lágrimas sobre o rosto já será o suficiente para convencê-los a ler suas obras?

Duas mulheres feridas, ou melhor, dilaceradas pelas suas vidas. De um lado temos Angie, membro de uma família italiana, que é dona de um restaurante, mas que ao contrário de suas irmãs optou por se mudar, estudar e não se envolver com os negócios da família. Ela tem toda sua vida planejada, é uma mulher cheia de sonhos e metas, bem sucedida profissionalmente, mas que sofre por não alcançar justamente o que mais deseja, se tornar mãe. E essa falta faz ruir tudo a sua volta, seu casamento desmorona, seu coração estilhaça, e arrisco dizer que até mesmo sua esperança desaba. Ao final não lhe resta mais dúvidas, é hora de abandonar esse sonho, e assim retorna para o seio familiar, para sua cidade natal e família. Do outro lado temos Lauren, uma jovem massacrada por uma realidade cruel, sua mãe é uma alcoólatra que faz questão de ressaltar o quanto sua existência é a culpa de tudo de ruim que lhe aconteceu na vida. Que se viu obrigada a amadurecer, se tornar adulta muito cedo, pois precisa se desdobrar e muito no trabalho e na escola para conseguir ter onde morar, o que comer, manter sua bolsa de estudos e quem sabe conseguir ir para uma boa faculdade. E ela faz tudo isso e mais, nutrindo o desejo de que um dia sua mãe mude e seja capaz de proporcionar a ela uma família amorosa. E quando a vida dessas duas mulheres se entrelaça de maneira improvável e tão natural, tudo muda.

“- Nós somos uma equipe – disse em voz baixa – Você e eu. De alguma forma, Deus soube que precisávamos uma da outra.”


Encarando momentos difíceis em suas vidas, buscando sentindo, direção e amor. A aproximação é inevitável, reconhecem uma na outra tudo aquilo que estão buscando. AMOR maternal! Angie está tentando se reencontrar, buscando coisas que possam preencher o vazio que habita em seu coração. Aprendendo a lidar com as perdas, com suas faltas. Já Lauren… não tenho maturidade para falar sobre ela, a garota é incrível,  me dói profundamente sua necessidade, seu desejo de apenas ter alguém que a ame, que a coloque em primeiro lugar, que se preocupe, se importe, que a queira bem. Uma família amorosa, acolhedora. Quando elas se encontram as diferenças entre ambas parecem banais e passamos apenas a torcer para que tudo fique bem, que encontrem o equilíbrio perfeito, que estabeleçam uma relação saudável e curem suas feridas. Mas, e se os obstáculos estiverem apenas começando? E se ainda existir muitas armadilhas pela frente? Será esse amor recém-descoberto forte o suficiente para sobreviver e romper todas as dificuldades?

“A questão é que agora você está perdida, mas continua correndo a toda a velocidade. Para longe de Seattle e do fim do seu casamento e em direção a West End e o restaurante da família. Como vai saber o que quer se tudo acontece tão rápido?”


AS COISAS QUE FAZEMOS POR AMOR fala sobre o manifestar do AMOR em suas mais diversas formas, seu poder transformador, os laços que ele é capaz de criar – que vão muito além dos laços sanguíneos. Fala sobre esperança, perdão, luto, encarar as alegrias e as dores. É real, é cru, é voraz. São reviravoltas e muitas lições para a vida. Acho que a grande sacada da autora é falar sobre família, maternidade e com isso ser capaz de tocar profundamente nós aqui do outro lado das páginas. Ela consegue nos enredar, fazer com que nos identifiquemos, cria personagens reais, com qualidades, defeitos, erros, dores, inseguranças, medos, ou seja, complexos. Os cenários são verossímeis, os diálogos bem explorados, a narrativa viciante e tudo isso nos proporciona um conjunto perfeito. Fugindo dos clichês, da previsibilidade e surpreendendo a cada novo capítulo. Também é importante falar dos alívios cômicos, a autora consegue inserir cenas divertidas sem perder a fio da história. Coloca dois mundos tão distintos colidindo e bruscamente mostra que eles podem coexistir.

“Às vezes é preciso perdoar as pessoas que amamos, mesmo quando nos sentimos furiosas. É assim que as coisas funcionam.”


KRISTIN HANNAH mina nossas emoções, abre um buraco em nosso coração, espanca nossas crenças, nos obrigada a pensar e repensar, e o faz consciente. Sua determinação em entregar algo intenso, reflexivo e envolvente é ferrenha. Ela não nos poupa, não minimiza, não romantiza. LER uma obra sua é como abrir o coração, lavar a alma e se emocionar. Sua obra é completa e envolvente.

Está tão enraizado em nós que sempre falta algo, que precisamos alcançar tudo, que somos merecedores de tudo e quando isso não nos é concedido, a gente quebra. Existem tantos buracos, tantas faltas e cabe a nós saber domá-los ou não. A vida não é perfeita, o ser humano não é perfeito. A verdade é que quando se trata da vida, tudo é uma incógnita. Cada pessoa sente, se expressa e lida de maneiras diferentes. Buscam coisas diferentes, e por diversas vezes, por estarmos tão obcecados com algo, nos cegamos e deixamos de enxergar todo o resto. Para o bem, ou para o mal, positivo ou negativo, tudo sempre terá um sacrifício e uma consequência. Não se esqueça disso. A vida é feita de escolhas e elas sempre exigirão um preço a se pagar. Acho que comecei a divagar, mas essas reflexões ficaram martelando em minha cabeça o tempo todo ao longo da leitura.

“(…) Embora ela e as irmãs tivessem optado por vidas diferentes e tendessem a se intrometer muito nas escolhas das outras, eram como fios de uma mesma corda. Juntas, eram fortes. Angie precisava voltar a ser parte disso; andava se lamentando sozinha havia tempo demais.”


Peço desculpas pela demora em trazer essa resenha até vocês. Li a obra a mais de um mês e não conseguia encontrar as palavras adequadas, se for totalmente honesta, não conseguia reencarar a leitura e tudo que fervilhava ainda no meu coração. Sei que posso ter sido vaga, até falha na hora de me expressar, mas tudo que foi escrito, foi de todo meu coração. É de fato uma leitura muito marcante e grandiosa.

“Nunca, é definitivo demais (…)”


Muitos leitores me procuram e declaram seu medo de ler uma obra da autora. Meu conselho é: NÃO TENHAM, se entreguem, é uma leitura que mais que ler, te faz sentir, é arrepiante, agonizante, viva e ser confrontado, chacoalhado e virado do avesso, é uma experiência de leitura única e inesquecível.
Ao final do livro temos uma entrevista com a autora, falando um pouquinho mais sobre a construção da história. E também ficamos sabendo que a obra será adaptada para o cinema.

Enfim, LEIAM e se emocionem. Vale cada página, cada palavra.

AS COISAS QUE FAZEMOS POR AMOR – Kristin Hannah

Leia um trecho da obra: AQUI

Sinopse: Caçula de três irmãs, Angela DeSaria já tinha traçado sua vida desde pequena: escola, faculdade, casamento, maternidade. Porém, depois de anos tentando engravidar, o relacionamento com o marido não resistiu, soterrado pelo peso dos sonhos não realizados. Após o divórcio, Angie volta a morar na sua cidade natal e retorna ao seio da família carinhosa e meio doida. Em West End, onde a vida vai e vem ao sabor das marés, ela conhece a garota que mudará a sua vida para sempre. Lauren Ribido é uma adolescente estudiosa, bem-educada e trabalhadora. Apesar de morar em uma das áreas mais decadentes da cidade com a mãe alcoólatra e negligente, a menina sonha cursar uma boa faculdade e ter um futuro melhor. Desde o primeiro momento, Angie enxerga em Lauren algo especial e, rapidamente, uma forte conexão se forma: uma mulher que deseja um filho, uma menina que anseia pelo amor materno. Porém, nada poderia preparar as duas para a repercussão do relacionamento delas. Numa reviravolta dramática, Angie e Lauren serão testadas de forma extrema e, juntas, embarcarão em uma jornada tocante em busca do verdadeiro significado de família.

Ficha técnica:
Drama, Romance | Editora Arqueiro | 2017 | 1° Edição | 352 Páginas | Cortesia | Classificação: 5/5 | SKOOB 
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Até a próxima! Bye.

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