RESENHA: Uma Proposta e Nada Mais, Clube dos Sobreviventes, Vol. 1 – Mary Balogh | Editora Arqueiro ( #DesafioHistóricoseEu3 – Meta 3)

por Biia Rozante
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A guerra costuma deixar marcas profundas, físicas e emocionais. Se questiona se sortudo é aquele que nela morre, ou quem sobrevive, já que seguir em frente requer o dobro de coragem e determinação. E é justamente essa busca pela superação e compreensão, que une os integrantes do Clube dos Sobreviventes, ter com quem compartilhar as experiencias ruins e os momentos de diversão, encontrar apoio nos olhos daqueles que são capazes de compreender a dimensão da sua dor, que não estão ali para julgar, mas sim dispostos a te ajudar a recolher os cacos e dar o próximo passo. A cada ano eles se reúnem para confraternizar, mas mais que isso, se reúnem para manter o equilíbrio e a sanidade.

Hugo é um gigante em forma de homem, alto e dono de músculos bem distribuídos tende a intimidar as pessoas a sua volta. Sua expressão sisuda e sempre fechada também não colabora muito, mas por baixo de toda frieza habita um coração gentil e uma alma generosa. Ele nasceu em uma família classe-média, porém seu pai mesmo sem possuir nenhum título era um homem trabalhador e de visão fazendo assim a própria fortuna, ambos tinham um bom relacionamento, mas devido a um contratempo Hugo pediu ao pai que lhe comprasse um posto na infantaria inglesa. Ali ele lutou bravamente, comandou missões tidas como suicidas e aos poucos foi conquistando seu nome e espaço, tornou-se um “herói” e sua coragem foi reconhecida pelo príncipe regente, que grato lhe deu um título, tornando-o Lorde Trentham.

“— Já reparou como ficar parado às vezes não é muito diferente de retroceder? — comentou ela. — Pois o mundo inteiro segue adiante e nos deixa.”


Porém, ao contrário de muitos Hugo nunca quis ser parte da nobreza, tem orgulho de onde veio e mesmo com título pretende continuar vivendo como sempre viveu, entretanto as ciladas da vida o obriga a voltar para casa e assumir responsabilidades não desejadas, não que ele tenha algum reclamação quanto a isso, ele ama sua família, mas ser tido como tutor de sua meia-irmã gera obrigações e necessidades que ele jamais desejou, como por exemplo, se casar.

“(…) — As pessoas compreendem a linguagem do coração, mesmo que a cabeça nem sempre consiga.”

Gwenjá sofreu muito em sua pouca idade. Viúva há sete anos está bem confortável nesta situação, ou pelo menos assim pensava antes de se ver acometida por uma solidão tão intensa que quase lhe causou dor. Dona de uma beleza refinada, é gentil, amigável e sempre desejou ter uma família, mas a culpa em seu coração jamais a permitiu seguir em frente. Existe muito mais do que ela revela as pessoas, um fardo difícil de se carregar. Entretanto, isto não a impede de sorrir, de sempre ter um olhar bondoso sobre as coisas, de tentar enxergar o melhor nas situações e nas pessoas. Por essa razão, quando se depara com Hugo apesar de se sentir um pouco intimidada com sua presença, faz o seu melhor para demonstrar e cada malcriação e rabugice de seu salvador, ela retruca na mesma moeda.

Provocação, ousadia, determinação e personalidade forte é um jogo que pode ser facilmente jogado por duas pessoas. E quando esses dois seres são cheios de teimosia e vidas tão opostas o resultado não poderia ser diferente – intenso, arrebatador, envolvente e apaixonante.

“— Não acredito que exista certo ou errado. O que existe é fazer o necessário sob determinada circunstancia e viver com as consequências, unindo todas as experiencias, boas e ruins, no tecido da própria vida, no fim das contas, encontrar um padrão e aceitar as lições recebidas.”


Hugo é todo rustico, um grosseirão sem jeito com as palavras, super sincero, impulsivo e sem freio. Quando ele quer algo não há nada que o faça recuar, o homem é uma força da natureza, voraz, atrevido e exigente. Com ranço da nobreza e todo marrento, talvez por medo da rejeição, dos olhares reprovadores, por se sentir deslocado em meio a pessoas refinadas e controladas, ele simplesmente não se encaixa, sua presença é realmente muito imponente. É um personagem que ganhou minha admiração e carinho, me encantei com sua força, sua humildade, necessidade de ajudar ao próximo, carinho e respeito pela família. Já Gwen é uma mulher a frente de seu tempo, ela quer independência, se sentir livre, ser aceita a seu próprio modo. É uma mulher brilhante, mas que por muito tempo viveu oprimida e afugentada dentro de si que perdeu a noção de seu valor. E vê-la desabrochar, descobrir o que gosta e o que de fato merece foi lindo. Eles se desafiam, se provocam, tentam se repelir e acabam cada vez mais atraídos, são o par imperfeito, mais perfeito. Ensinando, aprendendo, amadurecendo e prontos para transbordar.

“Todo mundo tinha os próprios demônios para enfrentar ou não enfrentar, pensou ele. Talvez essa fosse a essência da vida. Talvez a vida fosse um teste para ver como cada um lida com isso e quanta empatia demonstra pelos outros enquanto trilha o próprio caminho (…).!”


O que mais amei na história é que temos protagonistas mais maduros, com bagagem, buscando por um relacionamento mais estável e seguro, não se iludindo, criando falsas expectativas e tentando enxergar o depois da paixão, da atração e desejo. O amor não é superestimado, acaba por ser uma consequência de uma convivência, de respeito e admiração e isso tornou a história muito verossímil. Outro ponto que amei foi a autora ter apresentando um outro lado da moeda, diferente do que sempre encontramos em romances de época, ela trás uma família classe média, trabalhadores, onde eles possuem certa implicância com a nobreza, uma espécie de ranço, ainda que o mais preconceituoso seja o Hugo, a pessoa é irredutível – o que lhe atribui um charme a mais.

“— Às vezes, a vida é complicada demais para que haja uma resposta simples para uma pergunta simples(…).”


Amei a ambientação em um todo, os cenários explorados. A construções dos personagens, o que me leva a falar dos secundários – MARAVILHOSOS -, já estou roendo as unhas aguardando os próximos livros, a autora com certeza irá surpreender e apresentar histórias de roubar o fôlego.

UMA PROPOSTA E NADA MAIS é uma leitura arrebatadora e cativante. Com um enredo rico e reflexivo. A obra fala sobre recomeços, se permitir, perdoar, superar e acreditar. Sobre um amor mais real, palpável e racional. É sobre encontrar beleza nas coisas simples, de diferenças que preenchem, dos acasos que mudam completamente a nossa vida. Dizer que AMEIé pouco e nada que eu diga irá fazer jus a obra, por isso te deixou um apelo – LEIA.

Mary Balogh dança com as palavras, seu enredo é tão fluido e atrativo que nem notamos o virar das páginas e quando chegamos ao fim o sentimento que perpetua é o de saudade e o desejo de mais e mais. Ela sabe como dosar, como equilibrar e tornar a experiencia de leitura leve e divertida, ainda que esteja falando de assuntos sérios e densos. Mais que ler é sentir, é arrepiar, prender a respiração e suspirar. É torcer, vibrar e ficar na expectativa de que cada personagem encontre o seu tão merecido final feliz.

Parabéns, Editora Arqueiro pelo trabalho lindo.

UMA PROPOSTA E NADA MAIS – Mary Balogh

Sinopse: Após ter tido sua cota de sofrimentos na vida, a jovem viúva Gwendoline, lady Muir, estava mais que satisfeita com sua rotina tranquila, e sempre resistiu a se casar novamente. Agora, porém, passou a se sentir solitária e inquieta, e considera a ideia de arranjar um marido calmo, refinado e que não espere muito dela. Ao conhecer Hugo Emes, o lorde Trentham, logo vê que ele não é nada disso. Grosseirão e carrancudo, Hugo é um cavalheiro apenas no nome: ganhou seu título em reconhecimento a feitos na guerra. Após a morte do pai, um rico negociante, ele se vê responsável pelo bem-estar da madrasta e da meia-irmã, e decide arranjar uma esposa para tornar essa nova fase menos penosa. Hugo a princípio não quer cortejar Gwen, pois a julga uma típica aristocrata mimada. Mas logo se torna incapaz de resistir a seu jeito inocente e sincero, sua risada contagiante, seu rosto adorável. Ela, por sua vez, começa a experimentar com ele sensações que jamais imaginava sentir novamente. E a cada beijo e cada carícia, Hugo a conquista mais – com seu desejo, seu amor e a promessa de fazê-la feliz para sempre.

Ficha técnica:
Romance Histórico | Editora Arqueiro | 2018 | 1º Edição | 272 Páginas | Cortesia | Classificação: 5/5 | SKOOB 

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Essa leitura cumpre a minha terceira leitura para o #DesafioHistóricoseEu3 e corresponde a meta – LER UM ROMANCE HISTÓRICO QUE TENHA SIDO PUBLICADO ESTE ANO – 2018.

Para saber mais sobre o Desafio e todas as suas metas – CLIQUE AQUI – lá você encontrará o passo a passo de como participar, regras e como concorrer aos prêmios. Você também encontrará um post com sugestões de leituras para que se cumpra cada meta – AQUI.

Até a próxima! Bye.

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Lili Aragão 4 de abril de 2018 - 08:46

Ah Bia pelo jeito vou amar essa história, eu gosto desse aspecto maduro do romance na escrita da autora, vide o primeiro livro dos Bedwyns que foi um dos meus favoritos, quando o amor vem como uma consequência me dá a impressão que a história fica mais palpável e real como você bem destacou. Resenha linda, espero que o meu chegue logo pra furar fila de leitura rsr 😀

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