Xeque-Mate da Rainha – Elizabeth Fremantle | Editora Paralela ( #DesafioHistóricoseEu4 – Meta 1 )

por Biia Rozante
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Irei dizer algo que talvez não soe tão bem, mas confesso que ao concluir a leitura de XEQUE-MATE DA RAINHA a sensação que fiquei foi de que deveria ter lido este livro em outro momento. E provavelmente isso irá ocorrer, devo pegá-lo para releitura em um futuro, pois tenho certeza que deixei passar muitas coisas, que não o absorvi como um todo, tudo que a autora tem para transmitir e ainda mais, que possa ter me faltado a “maturidade” – não consegui encontrar outra palavra para descrever -, para uma melhor compreensão da dimensão dos fatos, coisas que adquirimos com leituras de apoio e pesquisa. Não que o enredo deixe a desejar, muito pelo contrário, temos um texto rico, denso, que foi trabalhado minuciosamente para nos ambientar na Inglaterra do século XVI e a corte Tudor.

Katherine Parr vem de uma família que têm como objetivo a ascensão social. Mas não ela, ela sempre desejou viver o amor, mas sendo a filha mais velha da família não teve o direito de escolha e é prometida em casamento para seu primeiro marido, um casamento que não dura muito e a deixa viúva com apenas dezenove anos. Aí você pensa, agora ela irá se casar por amor… não, seu segundo casamento se dá também por interesses sociais e é com um homem mais velho e que a coloca de cara com as intrigas da corte. Ao longo deste casamento ela irá se deparar com crueldades e cicatrizes que a marcarão para o resto de sua vida, mas se manterá firme ao lado do marido, quando o mesmo cai enfermo e enfrenta uma dura luta contra um câncer até seu falecimento. Agora com trinta e um anos ela poderia ter a tão sonhada liberdade, encontrar um amor e viver em paz, ledo engano, o Rei Henrique Tudor, nutre uma admiração por essa jovem, e quanto mais a analisa mais a deseja, e como acaba de ordenar a decapitação de sua quinta esposa, ela seria uma excelente sexta escolha. E sem direito de refutar, Kit se vê casada com o Rei… Rainha, ainda que jamais tenha almejado tal posição.

“Não há escapatória. No entanto, Katherine raciocina, se não pode ser a esposa de Seymour, seria um consolo tão pequeno ser a rainha da Inglaterra e elevar os Parr mais do que jamais esperaram? Mas então pensa naquelas grandes patas tocando seu corpo, e no cheiro fétido, e no terro que ele desperta, e em estar amarrada a ele para sempre pelo casamento, e no dever desesperado de produzir um herdeiro em sua idade, todo mês esperando rezando para não sangrar. É um trabalho de prostituta, esse de ser mulher.”


Henrique VIII, colecionava esposas, duas foram condenadas a guilhotina, duas se divorciaram dele e uma faleceu ao dar à luz. Além desse histórico nada convidativo, temos também um homem de temperamento instável, soberano e imponente que manda e desmanda sem se quer dar um segundo pensamento, tudo que ele quer, fala ou decreta se torna absoluto, sem nenhuma chance de contestação ou recusa. Um homem por vezes bruto, abusivo, arrogante e inconsequente. Uma grande criança mimada, cheia de poder e perigosa.

XEQUE-MATE DA RAINHAé uma obra ficcional, mas que possui personagens e fatos reais. O ponto central da história é nos apresentar Katherine Parr, a sexta e última esposa do Rei Henrique VIII. Katherine me tirou do sério em diversos momentos, sua passividade, altruísmo e até conformismo, uma aceitação que beira o irritante, ao mesmo tempo em que temos sua inteligência aguçada, o flerte com o perigo, com o proibido, armando e tramando por debaixo dos panos para conseguir pelos menos um pouquinho do que desejava e almejava. Só consigo pensar nela como uma grande guerreira que muito suportou. Que fez o seu melhor sempre, até conseguir pequenas influencias sobre o rei e mudar algumas situações. Uma mulher que perseverou, mesmo quando o inimigo e traidores se revelaram os impensáveis. Uma mulher que amou, que ousou sonhar, mas que mais lutou pelos outros e pelo que acreditava do que por si mesma.

“As coisas têm um jeito estranho de acontecer quando você menos espera na vida. Às vezes eu me pergunto se Deus tem senso de humor.”


Intrigas, mentiras, segredos, traições, revolução religiosa. Nunca saberemos, ainda que muito retratado em livros e séries, o quanto a inveja, a ambição e a crueldade humana pode ser terrível. E isso me leva ao um dos pontos que mais amei na história. Não há uma glamorização, aqui temos a realidade nua e crua, como por exemplo a retratação fiel ao rei, que era obeso, sem higiene, moribundo, em nada comparado ao que somos normalmente “apresentados”. O medo de contrariar, de tentar se fazer ouvir, por temer perder a cabeça – literalmente. Aceitar as condições, abrir mão do amor, da própria família. Ser constantemente confrontada pelo perigo, pelas armações e traições. O machismo tão claro e escancarado, a objetivação da mulher, tratadas como bibelôs, damas mudas, submissas. Como era feita a limpeza dos ambientes, as dificuldades dos criados, a tudo que eles eram expostos e obrigados. A locomoção precária. Enfim, nada era simples e bem diferente dos encantadores contos de fadas.

Preciso mencionar também o subtítulo deste livro que promete algo que não encontramos aqui, ou que ficou bem distante de ser o centro da trama, “A história de um amor proibido dentro da perigosa corte de Henrique VIII”, me fez acreditar que encontraria um “romance”, personagens reais que teriam sido romantizados em meio a todo aquele caos da corte, apresentando com certa liberdade criativa desfechos diferentes… entretanto ficou bem longe disto. O livro é denso, doloroso, cruel, angustiante e o final… fica a critério de cada leitor gostar ou não – eu não curti -, mas ainda assim é uma história interessantíssima e fascinante.

Ainda que não seja uma leitura rápida – pelo menos para mim não foi. É um livro que recomendo, SIM. Se você ama história, romances históricos que mesclem a realidade com a ficção, enredos mais densos e detalhados, e o choque de um final que te deixará pensando sobre tudo aquilo por dias e dias, XEQUE-MATE DA RAINHA é a opção certa para você.

Este é o primeiro volume da Trilogia Tudor. Pretendo dar continuidade na série, agora com meu emocional mais preparado para o que irei encontrar nas páginas do livro.

XEQUE-MATE DA RAINHA – Elizabeth Fremantle

Sinopse: Um romance histórico avassalador, repleto de intriga e traição. Elizabeth Freemantle conduziu extensa pesquisa para recriar o universo da corte do rei Tudor, Henrique VIII. Katherine Parr, sexta do rei, trilha um caminho perigoso entre paixão e lealdade. Muito mais nova que seu marido, ela precisa aprender rapidamente a lidar com os perigos da corte Tudor, especialmente no que diz respeito à sua fé e ao seu verdadeiro amor. “Divorciada, decapitada, morta, divorciada, decapitada. Esse é o histórico das ex-mulheres do meu noivo. Estou apaixonada por um homem que não posso ter e prestes a casar com um homem que ninguém desejaria – meu noivo é Henrique VIII, que já decapitou duas esposas e divorciou outras duas e assistiu uma morrer durante o parto. Como sobreviverei uma vez que me tornar a rainha da Ingalterra?”

Ficha técnica:

Romance Histórico | Editora Paralela | 2016 | 1º Edição | 326 Páginas | Classificação: 4/5 | Onde encontrar: SKOOBAMAZON

Essa leitura cumpriu minha primeira leitura escolhida para o #DesafioHistóricoseEu4, que foi a meta – QUE TENHA TÍTULO NOBRE NO NOME DA OBRA.

Para conhecer o Desafio e saber mais sobre cada meta – CLIQUE AQUI – lá você encontrará as regras e o passo a passo para participar. Você também encontra aqui no blog, um post com sugestões de leituras para que se cumpra cada meta – CLIQUE AQUI.

Até a próxima! Bye.

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