Precisamos Falar Sobre o Kevin – Lionel Shriver | Editora Intrínseca

por Biia Rozante
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Olá, pessoas!

Vou confessar, não sei como falar deste livro, como abordá-lo e passar para vocês tudo que é debatido, explanado e entregue ao longo da leitura. PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN, foi uma das leituras mais marcantes aos quais eu já tive o prazer de fazer, ao mesmo tempo em que também foi a mais difícil, sim… eu pensei em abandonar a leitura algumas vezes, demorei para entender a escolha da narrativa – que se trata de uma obra epistolar -, e me vi precisando de fôlego e um tempo após algumas descrições e relatos.

Eu me joguei de cabeça na leitura graças ao clube de leitura noturno do qual faço parte, e este livro foi a escolha do mês de maio, e ler em conjunto foi o que me ajudou a seguir firme e forte no meu propósito. Preciso ressaltar que não conhecia a sinopse, não fazia ideia de onde estava pisando, talvez por esse motivo o choque tenha sido ainda maior.

“Você só consegue afetar quem tem consciência. Só pode punir quem tem esperanças para sempre frustradas ou lanços a serem cortados; quem se preocupa com a opinião dos outros. Você, na verdade, só consegue punir quem já é pelo menos um pouquinho bom.”


Em termos gerais a obra é sobre um jovem de quinze anos que comete um massacre na escola na qual estuda matando alguns colegas, mas enganasse quem pensa que fica só nisso, o livro fala sobre relações familiares conturbadas, maternidade, empatia, machismo, bullying, dependência emocional, sociopatia, comportamento humano, alienação parental, crimes na adolescência, sadismo, crueldade e por aí vai… São tantos os assuntos abordados, que ao mesmo tempo em que torna a leitura necessária e rica, também a deixa densa. Mas como falar de algo assim, sem abordar tudo? Exatamente, não tem como.

“Kevin cruzou os braços, com ar de satisfação; eu tinha voltado a bancar a mãe. “Eu sabia exatamente o que estava fazendo.” Ele se debruçou nos cotovelos. “E Faria tudo de novo”.


O que mais choca é o quanto o enredo é palpável, verossímil… Enfim, só precisava compartilhar com vocês o quanto este livro mexeu com as minhas emoções, me deixou arrasada, chorei, passei raiva, sofri, lutei contra ao que estava lendo, mas não tem jeito, é literalmente o tipo de leitura que te obriga a questionar muitas coisas na sua vida e prestar mais atenção ao que está a sua volta. Não é uma leitura fácil, não é uma leitura para todos, principalmente por todos os gatilhos que a história vai revelando ao longo de cada capítulo. Por isso peço de coração que você só o leia se estiver bem emocionalmente, se tiver com quem conversar e preparado para algo cru, visceral, doloroso e muito intenso.

Caros leitores, é um baita livro. É uma história muito bem pensada, inteligente, inquietante e por vezes angustiante, mas é o tipo de leitura que deveria ser obrigatória, que entrega muito mais do que estamos esperando.

Como puderam perceber desta vez não fiz uma resenha. Não me sinto capaz de falar deste livro sem soltar spoilers ou me envolver emocionalmente. Essa história é muito maior e um misto de emoções e te leva por uma verdadeira montanha-russa. Quando pegarem para ler, tenham em mente que a construção fará sentido mais para o final, que é preciso ter paciência, e estar principalmente de mente aberta, livre de julgamentos e abertos para aprender e tirar o melhor possível de cada situação.


PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN – Lionel Shriver


Sinopse: Aos 15 anos, o personagem Kevin mata 11 pessoas, entre colegas no colégio e familiares. Enquanto ele cumpre pena, a mãe Eva amarga a monstruosidade do filho. Entre culpa e solidão, ela apenas sobrevive. A vida normal se esvai no escândalo, no pagamento dos advogados, nos olhares sociais tortos. Transposto o primeiro estágio da perplexidade, um ano e oito meses depois, ela dá início a uma correspondência com o marido, único interlocutor capaz de entender a tragédia, apesar de ausente. Cada carta é uma ode e uma desconstrução do amor. Não sobra uma só emoção inaudita no relato da mulher de ascendência armênia, até então uma bem-sucedida autora de guias de viagem. Cada interstício do histórico familiar é flagrado: o casal se apaixona; ele quer filhos, ela não. Kevin é um menino entediado e cruel empenhado em aterrorizar babás e vizinhos. Eva tenta cumprir mecanicamente os ritos maternos, até que nasce uma filha realmente querida. A essa altura, as relações familiares já estão viciadas. Contudo, é à mãe que resta a tarefa de visitar o “sociopata inatingível” que ela gerou, numa casa de correção para menores. Orgulhoso da fama de bandido notório, ele não a recebe bem de início, mas ela insiste nos encontros quinzenais. Por meio de Eva, Lionel Shriver quebra o silêncio que costuma se impor após esse tipo de drama e expõe o indizível sobre as frágeis nuances das relações entre pais e filhos num romance irretocável.

Ficha técnica:
Crime, Ficção, Romance | Lionel Shriver | Editora Intrínseca | 1º Edição | 2007 | 464 Páginas | Tradução: Vera Ribeiro | Classificação: 4,5/5 | Onde encontrar: SKOOBAMAZON

Até a próxima! Bye.

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