“Você só consegue afetar quem tem consciência. Só pode punir quem tem esperanças para sempre frustradas ou lanços a serem cortados; quem se preocupa com a opinião dos outros. Você, na verdade, só consegue punir quem já é pelo menos um pouquinho bom.”
“Kevin cruzou os braços, com ar de satisfação; eu tinha voltado a bancar a mãe. “Eu sabia exatamente o que estava fazendo.” Ele se debruçou nos cotovelos. “E Faria tudo de novo”.
Como puderam perceber desta vez não fiz uma resenha. Não me sinto capaz de falar deste livro sem soltar spoilers ou me envolver emocionalmente. Essa história é muito maior e um misto de emoções e te leva por uma verdadeira montanha-russa. Quando pegarem para ler, tenham em mente que a construção fará sentido mais para o final, que é preciso ter paciência, e estar principalmente de mente aberta, livre de julgamentos e abertos para aprender e tirar o melhor possível de cada situação.
PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN – Lionel Shriver
Sinopse: Aos 15 anos, o personagem Kevin mata 11 pessoas, entre colegas no colégio e familiares. Enquanto ele cumpre pena, a mãe Eva amarga a monstruosidade do filho. Entre culpa e solidão, ela apenas sobrevive. A vida normal se esvai no escândalo, no pagamento dos advogados, nos olhares sociais tortos. Transposto o primeiro estágio da perplexidade, um ano e oito meses depois, ela dá início a uma correspondência com o marido, único interlocutor capaz de entender a tragédia, apesar de ausente. Cada carta é uma ode e uma desconstrução do amor. Não sobra uma só emoção inaudita no relato da mulher de ascendência armênia, até então uma bem-sucedida autora de guias de viagem. Cada interstício do histórico familiar é flagrado: o casal se apaixona; ele quer filhos, ela não. Kevin é um menino entediado e cruel empenhado em aterrorizar babás e vizinhos. Eva tenta cumprir mecanicamente os ritos maternos, até que nasce uma filha realmente querida. A essa altura, as relações familiares já estão viciadas. Contudo, é à mãe que resta a tarefa de visitar o “sociopata inatingível” que ela gerou, numa casa de correção para menores. Orgulhoso da fama de bandido notório, ele não a recebe bem de início, mas ela insiste nos encontros quinzenais. Por meio de Eva, Lionel Shriver quebra o silêncio que costuma se impor após esse tipo de drama e expõe o indizível sobre as frágeis nuances das relações entre pais e filhos num romance irretocável.