Desgrávida – Jenni Hendriks e Ted Caplan | Faro Editorial

por Biia Rozante
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Veronica Clark, é uma adolescente de dezessete anos tida como um exemplo. Aluna com notas perfeitas, com um namorado completamente apaixonado, com pais orgulhosos, e uma vaga garantida na faculdade dos seus sonhos. Ou seja, tudo caminhando exatamente como ela planejou, o futuro não poderia ser mais promissor, ou pelo menos parecia, até que um teste positivo, virou um pesadelo. Veronica está GRÁVIDA. Grávida aos dezessete anos, grávida em um momento completamente errado, e o pior de tudo, a gravidez foi descoberta justamente por sua ex melhor-amiga, a esquisita Bailey Butler.

Obviamente que ver seu futuro tão metodicamente planejado ser ameaçado, a deixou desesperada, com medo de decepcionar a todos e principalmente a si mesma, e em meio a todo esse caos, decide que um abortoseria sua única e melhor solução, e quem acaba por ajudá-la, e parte com ela nessa busca é justamente a rebelde e reprovável Bailey, que não a julga, nem repreende, apenas encara a situação como uma bela e longa aventura, já que para Veronica fazer o procedimento, ela terá que viajar um pouco mais de três mil quilômetros.

”Bem acima de mim, com o vento desgrenhando seu cabelo, ela parecia pronta para uma aventura. Bailey parecia livre. Uma liberdade que eu nunca tinha sentido em toda a minha vida. Sobre mim havia muitas expectativas, muitas obrigações para me reprimir.”

DESGRÁVIDA para mim é muito mais sobre duas jovens que precisavam se reencontrar para curar velhas feridas. E a jornada que isso as levou, foi apenas um bônus. Veronica e Bailey se tornaram como água e óleo, e as diferenças, escolhas e status, acabaram por separá-las, pois uma já não cabia mais dentro do universo da outra. Só que independente de agora terem se tornado estranhas, o que viveram no passado ainda que tenham tentado, nunca foi apagado. Portanto, mesmo que não tenha sido premeditado, quando a situação complicou, Bailey estava lá para Veronica e acabam que juntas partem em uma vigem por mais de três mil quilômetros, viagem essa que ninguém além de ambas pode ficar sabendo. Uma missão secreta. O que elas não imaginavam é a quantidade de discussões, situações e loucuras as quais acabariam expostas, tornando o percurso, um verdadeiro desafio. SURREAL, é pouco para descrever muitos destes eventos.

Caros leitores, é complicado falar deste livro sem levantar alguns debates, assim como lê-lo sem ser confrontado por questões como aborto, religião, escolhas, expectativas e erros. E isso é ao mesmo tempo complexo e necessário. Para quem possui uma mente mais aberta, ou que de fato busque por informações, causas, a leitura pode ser mais “fácil”, enquanto que para quem for mais “conservador”, a leitura tende a ser mais incomoda e controversa, mas como já mencionei anteriormente, é uma leitura necessária para ambos os tipos de leitores, justamente pelas discussões e temas levantados. É importante falar sobre, é essencial que se pense a respeito.

Confesso que minha experiência com a leitura foi agridoce. Primeiro porque não consegui me conectar com nenhum dos personagens, Veronica é uma protagonista que mais me irritou do que cativou, ela é egoísta, mesquinha e arrogante. E isso não tem nada a ver com o fato dela se descobrir grávida aos dezessete anos. Porque suas motivações quanto a querer fazer o aborto, ficaram claras, eu entendi toda a pressão que estava sobre ela, compreendi tudo que ela teria que sacrificar e como isso viraria sua vida do avesso, mas me incomodou a maneira “fria” e “natural” com a qual ela tratou toda a situação. Talvez eu que tenha criado muitas expectativas sobre como deveria ter sido a abordagem, por querer algo mais profundo, sendo que essa não era a intenção dos autores. Outro ponto que também acabou sendo um espinho na leitura, foi o próprio namorado dela, que de príncipe se tornou um sapo asqueroso e obcecado, com atitudes claramente doentias e até criminosas, que levanta toda uma problemática que precisava ter sido abordada e é tratada de maneira superficial. E por fim, ainda temos a não amizade, entre Veronica e Bailey que não foi explorada, que pra mim soou raso. O que realmente salva a leitura é a narrativa fluida e rápida que prende o leitor, além claro das muitas reflexões que o enredo proporciona e não estou falando apenas do aborto, e sim sobre liberdade, autodescoberta, crescimento, liberdade e perdão. Então você pode até não amar o texto, mas termina sentindo que aprendeu algo, que foi confrontado de alguma maneira, e isso é sempre relevante e importante.

“Quis perguntar por que não. Perguntar o que tinha acontecido. Mas não perguntei, porque, se eu tivesse sido uma amiga melhor, não precisaria. Mas não fui uma amiga melhor. Só tinha me preocupado comigo mesma. E, depois de todos aqueles anos sem perguntar, sem estar presente, havia, naquele momento, um abismo entre nós que eu não era capaz de atravessar.”

Depois que conclui a leitura cheguei à conclusão de que talvez a intenção dos autores seja realmente a de cutucar e não de esmiuçar cada tema. Portanto eles entregam um texto “comercial” que entretém, e é isso. Ok.

Como sempre falo, a única maneira de saber se você gosta ou não de um livro, é lendo ele. Portanto fica aqui a minha dica de leitura, não se apeguem apenas aos meus apontamentos, a leitura pode ter um significado totalmente diferente para você. E como já falei, DESGRÁVIDA possui temas válidos e necessários, que precisam ser trazidos para as discussões.

Ainda preciso mencionar o quanto a edição está lindíssima. Faro Editorial arrasou mais uma vez.

DESGRÁVIDA

Sinopse: Escolha era apenas o começo de uma jornada Veronica Clarke nunca foi reprovada num teste e nunca desejou isso. Até agora… Aluna exemplar, aos 17 anos, ela parece ter uma vida perfeita: um namorado apaixonado, pais que se orgulham dela e uma vaga na universidade dos seus sonhos. Mas, pela primeira vez, um resultado de positivo não lhe parece algo bom. Ao fazer um teste de gravidez, Veronica se descobre grávida e fica em pânico ao ver seus planos de futuro irem por água abaixo. Desesperada, ela decide realizar um aborto. Com medo de enfrentar julgamentos, Veronica encontra uma aliada improvável… a rebelde Bailey Butler, sua ex-melhor amiga, é a única com quem ela pode contar. Para tentar realizar o procedimento, as duas partem em uma viagem de mais de três mil quilômetros, em meio a loucuras, risadas, cumplicidade e discussões que reabrem cicatrizes que precisam arder antes de, talvez, serem curadas. Talvez um teste positivo seja o menor dos problemas. Talvez o percurso seja mais importante. Talvez aprender a rir da vida e não levar tudo a sério seja um caminho. Será?

Ficha técnica:

Jovem adulto | Jenni Hendriks e Ted Caplan | Faro Editorial | 2020 | 1º Edição | 256 Páginas | tradução: Carlos Szlak | Cortesia | Classificação: 3/5 | Onde encontrar: SKOOBAMAZONSUBMARINO

Até a próxima! Bye.


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