A Garota que lê no Metrô – Christine Féret-Fleury | Editora Valentina

por Biia Rozante
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Existem leituras que possuem um poder muito especial de me abraçar, de passar a sensação de aconchego, de me fazer sentir, é algo que transpõe as páginas, o texto em si, e me alcança aqui do outro lado. E isso nem sempre tem uma explicação lógica, nem sempre é sobre ser uma leitura muito marcante, com reflexões intensas, complexas, às vezes é apenas meu subconsciente, é algo abstrato, que tocou, que me emocionou pela simplicidade, pelo reconhecimento, pela identificação. E A GAROTA QUE LÊ NO METRÔ, foi essa leitura para mim.

“— Nada é encorajador na vida. Cabe a nós buscarmos encorajamento onde os nossos olhos, ou o nosso entusiasmo, a nossa paixão, a nossa… ora, onde qualquer coisa seja capaz de descobrir esses encorajamentos.”

Juliett é uma jovem comum que ama rotina, todos os dias ela faz o mesmo caminho, pega a mesma linha do metrô e fica observando as pessoas, mas não quaisquer pessoas, e sim os leitores, aqueles que estão segurando livros, eles a fascinam, despertam sua curiosidade para ver as capas, tentar desvendar suas expressões, o que estão sentindo, e qual a história por trás de cada escolha. Ela trabalha em uma imobiliária, mas tudo parece estar no automático, até que um dia ela resolve do nada mudar sua rotina, sair do seu percurso, aproveitando para observar o sol, o céu, as pessoas caminhando, as ruas, até se ver parada em frente a um portão fechado de maneira curiosa… E a partir daí ver sua vida mudar completamente.

Quando recebi o livro, eu me encantei pela capa, eu jurava que seria um chick-lit, ou um livro mais juvenil, e eu não poderia estar mais enganada, e que bom que eu estava enganada, que bom que mergulhei nessa leitura no escuro, porque pude ser surpreendida de várias maneiras. Primeiro pela narrativa da autora, que é leve, fluida, quase que poética, e então temos o enredo que é uma declaração de amor aos livros. Cheio de referências literárias, de dicas de leituras, autores, é riquíssimo, instigante e inspirador.

“Como lhe dizer que sim, que é um pouco essa a sua ideia? Que acabou acreditando, não, acreditando não, adquirindo a certeza de que dentro das páginas dos livros se escondem ao mesmo tempo todas as doenças e todos remédios? Que neles encontramos a traição, a solidão, o assassinato, a loucura, a raiva, tudo o que pode nos agarrar pela garganta e acabar com a nossa existência, sem falar com a dos outros, e que às vezes chorar sobre as páginas impressas pode salvar a vida de alguém? Que encontrar a sua alma gêmea em um romance africano ou em um conto coreano ajuda a compreender a que ponto os seres humanos sofrem dos mesmo males, a que ponto se assemelham, e que talvez seja possível conversar — sorrir, trocar caricias, sinais de reconhecimento, não importa quais — a fim de tentar evitar, no dia a dia causar tanta mágoa uns aos outros?”

A GAROTA QUE LÊ NO METRÔ, é um livro sobre livros, seu poder transformador e a jornada de uma leitora, e por algum motivo isso me tocou profundamente. É uma leitura curtinha, o livro tem apenas 160 páginas que você lê em uma sentada. É importante ainda mencionar que não temos aqui um enredo cheio de reviravoltas e com cenas impactantes. É um livro mais linear, intimista, que oferece um quentinho no coração, capaz de emocionar, de dar esperanças, que irá te arrancar sorrisos e talvez uma lágrima.

Amei a edição da Editora Valentina, está muito bonita, com uma diagramação fofa e confortável. Se tiverem a oportunidade leiam, pode ser que sua leitura seja tão especial quanto foi a minha.

A GAROTA QUE LÊ NO METRÔ

Sinopse: “A garota que lê no metrô” As viagens de metrô para o trabalho, típicas da rotina, possibilitam que Juliette observe sempre os mesmos passageiros e os livros que cada um lê. Todos têm suas particularidades, como a idosa que folheia um livro italiano de culinária e sorri diante de algumas receitas ou a garota que lê romances e sempre derrama minúsculas lágrimas quando chega à página 247. “Por que a página 247?”, pergunta-se Juliette. Ela observa todos com curiosidade e ternura, como se as leituras e paixões alheias pudessem colorir sua vida tão monótona e previsível. Certo dia, a jovem decide romper com a rotina e usufruir o prazer de percorrer as ruas a pé, observando o formato das nuvens, com o olhar em busca do novo. E esse desvio mudará completamente a sua vida, graças ao iraniano Soliman e sua pequenina filha Zaïde. Todas as citações literárias de “A garota que lê no metrô” são referidas no fim da obra. Assim, o leitor poderá aprofundar-se neste rico universo narrativo.

Ficha técnica:

Romance Contemporâneo, Ficção Francesa | Christine Féret-Fleury | EditoraValentina | 1º Edição | 2020 | 160 Páginas | Tradução: Maria de Fátima Oliva do Coutto | Cortesia | Classificação: 5/5 | Onde encontrar: SKOOBAMAZONSUBMARINO

Até a próxima! Bye.

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