Toda vez que pego uma obra cheia de textos, reflexões e emoções derramadas ao longo das páginas, eu me questiono sobre como irei apresentar ela ao leitor, como vou compartilhar com eles uma experiência de leitura que por vezes soa tão intima e que conversa com cada pessoa de maneira particular. E acabo caindo em uma frase que sempre repito nesses casos, TEXTOS PARA ACALMAR TEMPESTADES, é um livro para sentir, degustar, ler diariamente e não de uma única vez. Não é uma história com começo, meio e fim, são poemas, crônicas, reflexões, analises de obras atemporais, clássicos com um olhar todo especial da própria autora que está compartilhando aquele momento dela com o leitor.
Dividido em quatro partes, a obra começa com NUVENS SE FORMANDO, que nos conduz por uma jornada sobre nós mesmos, a busca pelo sentido da vida, nossas escolhas, sobre não ser capaz de fugir de quem somos.
“Às vezes, estamos tão empenhados em provar nosso ponto de vista, tão focados em termos razão, tão urgentemente necessitados em dar ou exigir uma resposta… que nos afastamos de nossa paz, perdemos a capacidade de nos acalmar e de enxergar as coisas como elas realmente são. Muita coisa é simples, a gente que complica. Muita coisa é óbvia, a gente que não enxerga. Muita coisa não está sob nosso domínio. E ponto final.”
Já na segunda parte CHUVA NO TELHADO, somos indagados sobre o amor romântico, sobre esse encontro de almas, a busca um no outro, a ânsia de sentir, de se entregar, e os riscos que isso oferece, mas como viver sem temer, sem arriscar, sem principalmente amar?.
“Viver uma vida pela metade, nos blindando da dor, é uma opção. Mas não sei se nos torna pessoas mais felizes. Fugir da intensidade, agindo de forma distante e fria, nos protege da ferida. Mas o risco… ah, o risco nos aproxima da experiência de estarmos vivos, e mesmo que ele nos corte ao meio, nos ensina que somos capazes de nos erguer de novo. E, com sorte, de amarmos melhor.”
Na terceira parte, TEMPESTADE somos confrontados com a dor, em como lidamos com ela, é sobre os encontros e desencontros, sobre a perda, a saudade, a angustia do não saber, nossa dificuldade em aceitar que algo chegou ao fim, que o amor acabou e que se está te fazendo mal, é porque não serve mais – confesso, foi doloroso, porém necessário ler sobre e me confrontar sobre isso, não apenas no âmbito amoroso romântico, mas em todas as minhas relações.
“Não permita que te coloquem num lugar menor do que aquele em que você cabe. Você é enorme: enorme em valor, beleza, dignidade, amor, coragem e importância. Você merece o mundo, e não as migalhas de alguém que se tornou grande aos seus olhos, mas na verdade não passa de uma pessoa comum, que pelo simples fato de não te desejar na mesma medida, se agigantou na sua ilusão. Acorde! Viva! Seja feliz se amando em primeiro lugar!”
E por fim, chegamos a quarta parte CALMARIA, a leveza de se permitir cicatrizar, de encontrar uma cura, sobre aprender a se abraçar, a se fazer carinho, a entender que ser forte, se amar é algo precioso e muito valioso, é sobre autocuidado, responsabilidade com si mesmo.
“as pessoas pensam que a morte é o único momento em que precisamos estar fortes para abandonar a nossa “casca”, nosso casulo, e voar. Não é. Durante a vida, morremos várias vezes. E temos que estar preparados para o voo…”
Eu gostei muito desta leitura, mas preciso frisar que é o tipo de livro que para mim só funciona se lido em doses homeopáticas, eu preciso ir lendo aos poucos, um texto por vez, às vezes os alternando, porque se não acabo ficando com a sensação de cansaço e este livro não é nem de perto isso. Mas esse é um ponto particular do meu EU leitora. Outro ponto que quero comentar, é que amei o tom de “amizade” de conversa que o livro oferece, em determinados momento pareceu que estava trocando experiências com alguma amiga, que estávamos derramando nossas frustrações, assim como nossas alegrias e isso foi muito legal, a autora oferece esse tom mais intimista, acolhedor, porque é palpável, que tem muito dela em cada reflexão. E por fim, ainda preciso falar das muitas referencias que tornam a obra riquíssima, são dicas de leituras, músicas, textos, arte que a própria autora consumiu enquanto escrevia, e que com maestria compartilhou conosco.
Fica aqui minha indicação mais que especial. E o agradecimento a autora, e toda a equipe Faro Editorial que fez um trabalho impecável, a diagramação, a parte gráfica, todas as imagens internas estão lindíssimas.
Sinopse: “E de repente, num dia qualquer, acordamos e percebemos que já podemos lidar com aquilo que julgávamos maior que nós mesmos. Não foram os abismos que diminuíram, mas nós que crescemos…” Textos para acalmar tempestades é um livro sobre busca, encontro, perda e renascimento. Recorrendo a citações de grandes nomes da literatura mundial, Fabíola Simões propõe uma jornada de autoconhecimento e aprofundamento no mistério da própria vida, em textos e poemas leves e, ao mesmo tempo, profundos. Partindo de máximas ou trechos de autores como Charles Dickens, Clarice Lispector, Joseph Campbell, Hermann Hesse, Isabel Allende… a autora constrói uma narrativa sensível e dinâmica, que tem conquistado milhares de leitores.
Ficha técnica:
Crônicas, Literatura Nacional | Fabíola Simões | Faro Editorial | 2021 | 1º Edição | 168 Páginas | Cortesia | Classificação: 4/5 | Onde encontrar: SKOOB – AMAZON
Até a próxima! Bye.