Ponte do Medo – Taylor Adams | Faro Editorial

por Biia Rozante
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ALERTA DE GATILHOS: O livro aborda temas sensíveis, tais como; suicídio e violência.

Há três meses Lena tem tido dificuldades em lidar com a morte da sua irmã gêmea, Cambry. E ainda que ambas sempre tenha sido opostas em suas personalidades e maneira de viver a vida, ela sabe que sua irmã jamais cometeria suicídio. Mesmo que a versão oficial da policia diga que ela dirigiu até uma ponta remota e tenha saltado de sessenta metros de altura direto para a morte, ela se recusa em aceitar. Sentindo que precisa buscar a verdade, ir a fundo para realmente entender o que de fato aconteceu com a sua irmã, ela se mune de determinação e coragem, pega o carro que foi da sua irmã, um gravador e vai até o local onde tudo aconteceu. Irá encontrar o policial Raymond, a última pessoa que a viu ainda com vida, e aquele que a encontrou morta, quem sabe fazendo as perguntas certas e no tom apropriado, ela possa obter pistas ou a verdade.

O cabo Raymond, acaba se revelando uma figura segura de si, convicta, muito simpático e prestativo, disposto a tirar todas as suas dúvidas, levando Lena até onde o carro havia sido deixado e depois mostrando o local de onde Cambry teria pulado, ele narra os fatos daquele dia com precisão, entretanto, Lena já havia feito seu dever de casa, estudo minuciosamente o material disponível sobre a tragédia, e passa a notar certas incongruências, alguns fatos que ele parece fazer questão de omitir, fazendo com que ela tenha certeza de que ele sabe mais do que está contando. Conforme as horas passam, a tensão aumenta, e a ousadia de Lena também, ela se agarra a tudo que tem com unhas e dentes, dando um tom mais acusatório, forçando Ray para além do que ele esperava. Lena quer a verdade e não faz nenhuma ideia do preço que pode custar. À medida que alguns detalhes passam a surgir, algumas revelações são feitas, desenhando um cenário muito mais complexo e perigoso. Tornando a busca, uma luta por sua própria sobrevivência. Poderá Cambry, não ser quem Lena acreditava que ela era? E se a verdade for ainda pior que o relatório policial? E se nada for aquilo que parece ser? Será que realmente conhecemos uns aos outros e a nós mesmos?

“Você não morre de fato quando o seu coração para de bater. Você morre quando é esquecido. Minha irmã não é mais uma pessoa — ela é uma ideia. Eu a levo comigo. Por isso eu preciso preservar cada traço que me resta dela, cada palavra, cheiro e som.”

Uau… foi aqui que pediram tensão, agonia, incomodo, desconforto e uma leitura cheia de ação? Pois toma. PONTE DO MEDO, é isso tudo, e talvez um pouquinho mais. Lena é nossa protagonista e está à procura da “verdade” sobre a morte de sua irmã gêmea, já que ela se recusa em acreditar que a mesma teria cometido suicídio. A premissa da história é essa, uma irmã buscando pela verdade e justiça. Só que existe muito mais por trás deste acontecimento, e ela está preste a descobrir. Lena é blogueira, e talvez por um sentimento de culpa, ou saudosismo, ela decide que irá cumprir um desejo antigo de sua irmã, escrever um livro sobre sua história/vida. E é isso que vamos acompanhar, Lena investigando sua morte, ao mesmo tempo em que coleta informações para seu livro. O que também serve para nortear a narração do autor, que distribui o livro em três “narrações” diferentes, sendo; Lena, confrontando o policial Ray no presente. Fragmentos de seu livro, onde ela vai construindo o que teria acontecido com Cambry em seus últimos momentos de vida, sendo a parte do passado e também, as postagens que ela fez em seu blog, onde descobrimos mais sobre ela e como ela se preparou para o encontro com Ray e sua linha de investigação.

E temos aqui o que pra mim foi o ponto negativo, eu não gostei da quantidade de quebra de narrativa, ficava indo e vindo, indo e vindo e nesses momentos, eu perdia o ritmo da leitura, algumas vezes eu achei interessante, preenchia lacunas, mas em outras… só era irritante mesmo. É importante frisar que eu entendo a jogada do autor, é uma forma de sustentar o mistério, de embaralhar nossa mente e trazer mais questionamentos, apresentar fatos, mas desta vez, não funcionou pra mim. Mas tirando isso, todo o restante, eu amei. Irei falar dos pontos positivos mais adiante.

“Não são só o presente e o passado que se confundem no prisma da Ponte do Grampo, Lena se lembrou de ter lido. A vida e a morte também são assim.”

É genial como o Taylor Adams constrói todo um enredo no contexto de horas, tantas coisas acontecem que parece que estamos acompanhando dias e dias, mas não, são apenas algumas horas e com pouquíssimos personagens. Ele já tinha feito isso em SEM SAÍDA, seu primeiro livro, que é incrível – RESENHA AQUI. E agora repetiu o feito em Ponte do Medo. É palpável a tensão, a sensação de agonia crescente, o quanto ficamos confusos sobre o que está sendo apresentado, o medo de estar julgando uma pessoa inocente, ou de estar concordando com um criminoso. Questionamos a cada minuto as atitudes, as escolhas, as decisões e é agonizante viver essas incertezas enquanto esperamos um desfecho. Desfecho este que é perturbador e apresenta um contexto muito mais complexo do que inicialmente acreditávamos estar investigando.

Eu queria poder esmiuçar cada cena, detalhes do que li aqui, mas seria um tremendo spoiler, como falei, todo o enredo está alicerçado em um único local, em um curto espaço de tempo e com poucos personagens, qualquer fala minha pode entregar algo importante, por isso estou escolhendo parar por aqui e ao invés de seguir comentando os personagens e o enredo em si, apresentar aquilo que pra mim foi o ponto positivo na experiência de leitura.

O Ponto positivo é que tudo é uma enorme confusão e ainda que tenhamos suspeitos muito claros e até adivinhemos parte do que de fato aconteceu, a jornada em desvendar os porquês, é muito mais interessante e valiosa. É isso que prende o leitor e o deixa agoniado aguardando os desfechos. Tudo é muito improvável, ao mesmo tempo em que existem coincidências demais, e então as peças voltam a se embaralhar, ninguém, e eu quero reforçar esse ninguém, é aquilo que aparenta ser e você só quer saber se Lena está certa ou errada. E ainda temos o fato de o narrador não ser completamente confiável, não tem como você ter certeza de nada, porque ele apresenta somente um ponto de vista e este pode estar manipulando as informações para o caminho que ele acredita ser o verdadeiro.

“(…) Lena era uma alma perdida que o sofrimento havia lançado ao ar como um pião, e agora ela havia aterrissado em algo que provavelmente não seria capaz de entender.”

Taylor Adams é mestre construindo histórias tensas e densas, deixando o suspense no ar e embaralhando nossas emoções e a verdade. É sempre muito gratificante ler algo seu e eu só posso deixar aqui meu apelo para que leiam, que deem uma chance a esse autor e se apaixonem por suas histórias. A edição maravilhosa da Faro Editorial sempre merece uma menção, porque torna a leitura ainda mais especial.

 

PONTE DO MEDO

Sinopse: Três meses atrás, Cambry, a irmã gêmea de Lena, dirigiu até uma ponte remota e saltou 60 metros para a morte. Pelo menos, essa é a versão oficial da polícia. Então, Lena pega a estrada, dirigindo o carro da irmã, munida de um gravador, determinada a descobrir o que realmente aconteceu, para entrevistar o policial no local onde ele encontrou o corpo de Cambry. O cabo Raymond aceita encontrar Lena. Ele é simpático, franco e profissional. Mas sua história não parece se encaixar. Registros de ligações da irmã para a polícia e mensagens cortadas com partes reveladoras desenham algo mais complexo. Lena fará de tudo para revelar a verdade. Mas, conforme vai descobrindo mais detalhes, a busca se transforma em uma luta pela própria sobrevivência – pois colocará à prova tudo o que ela achava que sabia sobre a irmã e sobre si mesma. “Uma injeção de adrenalina direto no coração! Explosiva e imprevisível, este livro deixará você no limite desde a primeira página.” – Riley Sager, autor best-seller de Home before dark Para amantes de suspenses de tirar o fôlego! Em Ponte do medo, Taylor Adams mostra de maneira grandiosa como criar personagens arrebatadores, inimigos realmente perigosos e um clima absurdamente sufocante.

Ficha técnica:

Thriller psicológico, policial | Taylor Adams | Faro Editorial | 2022 | 1º Edição | Páginas | Tradução: | Cortesia | Classificação: 4/5 | Onde encontrar: SKOOBAMAZON

Até a próxima! Bye.

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