Caros leitores! Vou começar essa resenha já deixando bem claro que este livro é um TURBILHÃO de emoções e que ele pode vir a ser um gatilho pelos temas que ele aborda, tais como; coma, morte, luto, relações familiares e violência doméstica. Também quero reforçar desde já, que estou tomando todos os cuidados para não soltar nenhum spoiler e assim não irei me aprofundar nas relações em si, e nem ligar a mãe ao filho.
Kendra, Lindsay e Dani, são melhores amigas desde sempre, e seguiram os planos de suas juventudes a risca, casaram quase que ao mesmo tempo, moram próximas e tiveram filhos praticamente juntas. O tipo de amizade que parece inabalável, sólida, leal e que irá durar para o todo sempre, até que um acidente com arma de fogo envolvendo seus três filhos, Jacob, Sawyer e Caleb – que seguiram o mesmo exemplo das mães e se tornaram bons amigos -, acaba em tragédia. Um está morto, o outro em coma e o sobrevivente em choque demais para falar, toda a situação é assustadora e inexplicável, ninguém consegue entender o que aconteceu ali dentro da casa de uma delas, um local que deveria ser seguro. Um piscar de olhos que muda a vida e a rotina destas mulheres, colocando tudo em prova, a amizade, a confiança e até mesmo seus relacionamentos familiares.
“O que ninguém lhe diz sobre o luto é que o tempo passa. Ou a minha frase favorita, que as pessoas não param de repetir: o tempo cura todas as feridas. Como se eu quisesse que o tempo passasse. Quero que o mundo pare. Que cada um ao meu redor fique estático. Que as telas parem de piscar e os zumbis deixem de andar tão devagar pelas ruas a ponto de serem atropelados por carros. Não quero que os automóveis passem ou os ônibus cheguem, porque a cada minuto parece que estou deixando (…) para trás e levando a vida que ele deveria viver.”
Três famílias vivendo um luto absurdo, porque por mais que um dos jovens esteja vivo e sem ferimentos físicos, ele está tão traumatizado com tudo que não consegue falar, e como já mencionei existe um laço muito forte de amizade entre as famílias. Em teoria a dor de uma, se mistura com a dor da outra e assim sucessivamente. Temos uma família enlutada, seu filho está morto, no auge de sua boa forma, no momento de estar fazendo planos para o futuro, o por mais que queiram superar e seguir, não saber o que de fato aconteceu para se chegar aquele fim horroroso, está os corroendo por dentro. Principalmente a mãe, que não consegue não pensar, não querer respostas e isso vai fazer com que ela traga à tona coisas sobre seu próprio filho que ela desconhecia. A mãe dois, está com o filho internado em coma, e por mais que todos digam que é irreversível, essa não é uma realidade que ela quer aceitar. E fica realmente o questionamento de como fazer uma mãe desistir de seu filho, de colocar na cabeça dela que mesmo que ele esteja ali nas maquinas, não tem jeito?. E temos a mãe três, que o filho sobreviveu, que é a única testemunha, a única pessoa presente que pode esclarecer tudo, e que não fala, só chora, tem pesadelos horríveis, e constantes e parece estar morto em vida. Ela não consegue lidar com o sentimento de alívio de ter o filho vivo, porque os filhos de suas amigas estão da maneira como estão. E tudo é muito complexo.
Além de terem que lidar com as dores dos lutos, com as correrias de hospitais e filho traumatizado, paira sobre essas famílias, o peso da desconfiança, do julgamento, ainda que não diretamente, mas ao fechar de suas portas em suas casas, as acusações, a busca pelos responsáveis, o sentimento de traição, de culpa, de raiva persistem. Existe muito mais por baixo das fachadas de famílias felizes, de amigos inseparáveis… existem segredos. Em situações de extrema dor, desamparo, de perda, como lidar com as emoções? Como seguir e continuar vivendo? Como lidar com o marido/esposa, com os outros filhos? Como voltar a ter uma rotina? Tudo se potencializa, os defeitos saltam, a paciência se esgota, as dores ficam a flor da pele, se vive realmente no olho do furacão. E eu ainda nem mencionei que em meio a tudo isso, mãe desesperada por respostas, mãe em negação e inconsolável, temos uma mãe lutando pelo filho e lutando por si, precisando lidar com um relacionamento abusivo. São muitas e muitas camadas e realidades difíceis de serem encaradas.
Eu amei esta leitura. É o tipo de livro que te confronta, que te coloca para pensar e prestar atenção a sua volta. Mais que um thriller e toda a investigação que acontece, é um livro sobre RELACIONAMENTOS FAMILIARES, eu diria até que um drama familiar muito potente, que foca em três famílias muito próximas, mas que vivem vidas muito diferentes, e nós só vamos compreender a extensão disto, quando mergulhamos em seus segredos… e são muitos. Ao passar dos capítulos as teorias só aumentam, as possibilidades parecem infinitas, todos de alguma forma vão soar culpados e TODOS são como BOMBAS relógios que estão prestes a explodir. A impressão por vezes é que a tragédia foi a gota que faltava para tudo acontecer, mas que as coisas iriam acontecer mesmo sem ela… faz sentido? Tudo é muito cru, e intenso, como mencionei no começo é um verdadeiro turbilhão de emoções que vai te tomando e sugando para dentro da narrativa não te deixando largar a leitura antes de concluí-la.
“Não acredito que estou dizendo aquelas palavras, mas não parece haver escolha e eu não sei mais o que fazer. Minha vida está se desfazendo na minha frente, e não há nenhuma atitude que eu possa tomar para impedir.”
Este é aquele tipo de livro que para quem é mãe e pai, vai bater de um jeito diferente. Vai tornar a leitura ainda mais intensa e conflitante. Porque ela confronta pontos importantes da criação, como o educar, o perceber verdadeiramente quem é seu filho, se quem você conhece e convive é realmente o que se mostra quando não está na sua casa, prestar atenção, olhar realmente nos olhos entender suas lutas, suas escolhas, acolher, amar, se mostrar presente, mais que amigos e provedores, ser realmente pais.
Eu recomendo muito que vocês leiam O MELHOR DA AMIZADE, uma história envolvente, cheia de intrigas, segredos e reviravoltas impressionantes, sobre luto, amizade, família e acima de tudo, sobre o amor de mãe. É viciante, por vezes comovente e doloroso. Apenas deem uma chance.
O MELHOR DA AMIZADE
Sinopse: Lindsey, Kendra e Dani são grandes amigas, mas enfrentam o maior pesadelo de todos os pais quando um trágico acidente atinge seus filhos, deixando um morto, outro em coma e o terceiro traumatizado demais para falar. Tentando lidar com a pior noite de suas vidas, as três mães decidem investigar os eventos para entender o que de fato ocorreu. Como algo tão horrível pôde acontecer naquele lugar seguro, tranquilo, onde pensaram que seus filhos estariam sempre protegidos? Então elas descobrem que o acidente era apenas um fio solto. Ao puxá-lo, muitas verdades vão sendo reveladas. À medida em que mais segredos vêm à tona, uma névoa de dúvidas e suspeitas ameaçam envenenar suas famílias. E a amizade vai se deteriorando quando uma mãe decide ir a fundo enquanto as outras consideram essa investigação dolorosa demais.
Ficha técnica:
Thriller, drama | Lucinda Berry | Faro Editorial | 2023 | 1º Edição | 256 páginas | Tradução: Alda Lima | Classificação Indicativa: +16 | Cortesia | Minha avaliação: 4,5/5 | Onde encontrar: SKOOB – AMAZON.
Até a próxima! Bye.