A torre do Amor, Contos de Fadas, Vol. 4 – Eloisa James | Editora Arqueiro

por Biia Rozante
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Recriar, recontar, ou se inspirar em uma obra que já é tão famosa não deve ser nada fácil. E Eloisa James vem fazendo isso magistralmente em sua série Contos de Fadas. O que mais tem atraído minha atenção a cada leitura, é justamente seu toque particular, o tom que têm dado as suas protagonistas, revelando-as fortes, empoderadas e decididas. E protagonistas masculinos peculiares, já tivemos médico mal-humorado, príncipe quase falido e um duque com alma de pirata.  Apesar de em algum momento as tramas realmente lembrarem os livros nos quais foram inspiradas, suas histórias não ficam limitadas a apenas isso e o resultado é sempre um misto delicioso de emoções.

Gowan é um homem determinado, que sabe muito bem o que quer e o que precisa, não tolerando perda de tempo ou decisões erradas. Após analisar minuciosamente sua vida, está decidido a se casar. Ele precisa de uma duquesa exemplar, uma mulher tranquila, refinada e gentil. E encontra tudo isso durante uma viagem de negócios, assim que coloca seus olhos em Lady Edie, linda, dócil e serena, a jovem o fascina, se encaixa em todos os requisitos necessários para ser sua duquesa. E no dia seguinte ao baile, já acerta tudo com o pai da jovem. O que Gowan não sabia, é que o comportamento que tanto o encantou na verdade é fruto de uma doença, Edie estava tão fora de si, que não esboçou nenhuma palavra ou reação ao longo das duas danças que desfrutaram ao longo da noite.

Edie possui uma grande paixão, a música, mais especificamente, tocar seu violoncelo. Ela sabe que devido a sua posição social, jamais poderá se tornar uma musicista, mas nem por isso dedica menos tempo a seu treinamento. Tocar o instrumento também é o elo que a une a seu pai e talvez por isso, ser boa, é tão importante. Quando se depara com um casamento iminente, ela não se desespera, Edie é uma mulher prática e mesmo não conhecendo seu noivo, ou sendo capaz de recordar de seu rosto ( pois no dia em que o conheceu estava muito doente), ela encara essa mudança de vida como uma oportunidade e para firmar o “negócio” começa a se corresponder com Gowan.

“Pensara nela como se fosse um gole de água pura. No entanto, naquele momento, encarando-a, ela era um rio turbulento, vívido e perigoso. Ela mudaria a vida dele. Ela o mudaria por inteiro.”


A jovem que antes parecia quase apática, se revela divertida, direta e ousada. O homem escocês, que jamais se imaginou casando com uma inglesa se encanta. E quando ambos se dão contam estão envolvidos em diálogos provocativos e cheios de personalidade. A atração só cresce e a expectativa do primeiro encontro está recheada de sentimentos conflitantes.

A TORRE DO AMORme surpreendeu em vários aspectos, primeiro por nos apresentar um protagonista que foge ao estereótipo já conhecido nos romances de época, de “conquistadores”, nobres de fama duvidosa, vividos e cheios de experiencias. Aqui nos deparamos com um homem de “valores”, inexperiente, com uma visão de relacionamento peculiar. E acompanhar o seu desabrochar junto com a protagonista proporcionou uma visão muito mais realista do que jamais vi, ou melhor, li em qualquer romance de época. Explicando um pouco melhor, aqui nos deparamos com dois seres praticamente desconhecidos, que se casam e que precisam se entregar a uma vida conjugal sem que tenham construído uma intimidade de fato. Pouco sabem um do outro, jamais estiveram envolvidos em outros relacionamentos e a tensão, preocupação e ansiedade sobre agradar e viver aquele momento não permite que uma das partes relaxe completamente. Fica evidente o desconforto, a insegurança, o quanto as relações na época poderiam sim, serem complicadas, porque fica faltando aquela camada de confiança, para que se possa ter um diálogo aberto.

“— Talvez esteja certo — disse ela suavemente, olhando para baixo. — Somos tudo o que brilha… intenso demais, repentino demais, desaconselhável demais.”


Eu amei como o romance foi construído, como os personagens foram moldados. O que senti ao longo da leitura, é que o enredo vai crescendo, tendo divisões que não estão explicitas, mas que são identificáveis. Então conhecemos cada um dos protagonistas, o que ambos esperam de seu cônjuge, depois temos o foco no encontro entre eles, a atração, o amor que vai crescendo, as expectativas para a vida a dois e então… as complicações. O casamento se revela um pouco mais difícil do que ambos esperavam, apesar de estarem apaixonados e determinados em fazerem dar certo, não conseguem dar voz ao que os está incomodando, ao que estão sentindo e é justamente neste ponto que as barreiras começam a crescer entre eles, podendo colocar tudo em risco.

DOIS jovens que buscam o amor, mas que não possuem exemplos positivos, que os auxiliem nessa jornada, por isso eles mergulham sem saber o que de fato irão encontrar, e não tem no que se basear, portanto, tudo é muito cru, intenso e voraz.

Eu amei acompanhar a jornada deste casal. Os muitos altos e baixos, a maneira como precisaram crescer, amadurecer e se despir das altas expectativas. A verdade é que nem os livros, nem as conversas escassas, são capazes de preparar dois jovens tão teimosos e inexperientes para um casamento. E vê-los descobrir o caminho para o tão sonhando final feliz, foi uma experiencia divertida, romântica e quase realista.
Conheça todos os livros da série:

– Quando a Bela Domou a Fera – RESENHA AQUI
– Um Beijo à Meia-Noite – RESENHA AQUI
– A Duquesa Feia – RESENHA AQUI
– A Torre do Amor
– Esse Duque é Meu – Em breve…

A TORRE DO AMOR – Eloisa James

Sinopse: Quando Gowan, o magnífico duque de Kinross, decide se casar, seu plano é escolher uma jovem adequada e negociar o noivado com o pai dela. Ao conhecer Edie no baile de apresentação dela à sociedade, ele acredita que, além de linda, ela também seja a dama serena que ele procura e imediatamente pede sua mão. Na verdade, o temperamento de Edie é o oposto da serenidade. No baile, ela estava com uma febre tão alta que mal falou e não conseguiu prestar atenção em nada, nem mesmo no famoso duque de Kinross. Ao saber que seu pai aceitou o pedido do duque, ela entra em pânico. E quando a noite de núpcias não é tudo o que podia ser… Mas a incapacidade de Edie de continuar escondendo seus sentimentos faz com que o casamento deles se desintegre e com que ela se recolha à torre do castelo, trancando Gowan do lado de fora. Agora o poderoso duque está diante do maior desafio de sua vida. Nem a ordem nem a razão funcionam com sua geniosa esposa. Como ele conseguirá convencê-la a lhe entregar as chaves não só da torre, mas também do próprio coração?

Ficha técnica:
Romance de época | Editora Arqueiro | 1º Edição | 2018 | 352 Páginas | Contos de Fadas, Vol. 4 | Cortesia | Classificação: 4/5 | Onde encontrar: SKOOB – AMAZON

Até a próxima! Bye.

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