RESENHA: Um Acordo e Nada Mais, Clube dos Sobreviventes, Vol. 2 – Mary Balogh | Editora Arqueiro

por Biia Rozante
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Mary Balogh têm se provado uma autora viciante, a cada livro seu que tenho o prazer de ler me sinto mais arrebatada e enfeitiçada por sua teia de emoções conflitantes e superação. E essa série em especial possui elementos que transbordam meu coração, tenho essa fraqueza por leituras que de certa forma retratem guerras ou suas consequências, é algo que sempre me sensibiliza e toca profundamente.

Vincent herdou o título de Visconde de seu tio e com isso todas as suas responsabilidades e compromissos, algo que tira um pouco a sua paz. Não que ele esteja reclamando da fortuna e status que tal feito lhe proporcionou, mas a vida tende a ser frágil e aos 24 anos, o que se espera dele com certa urgência é que se case e providencie herdeiros, algo que garanta sua sucessão. O que não ajuda muito também, é o fato de ser o único filho, o único neto e único irmão homem, e ainda por cima, ferido em campo de batalha, o que aumenta os cuidados, proteção e o sufoco. Estaria mentindo se dissesse que esses excessos não lhe incomodam, o fato é que Vincent acaba se oprimindo, permitindo que tomem decisões por ele, que falem como se ele não estivesse presente, quando na verdade está sim.

E é justamente por toda a pressão que se estende sobre sua vida “conjugal” que Vincent decide fugir, assim, sem mais nem menos, apenas escapar de um casamento arranjado com alguém que ele provavelmente não queira. Buscando por tranquilidade e sossego, tirar uns dias para colocar a cabeça no lugar, mas nem tudo sai exatamente como planejado e quando se dá conta do que está acontecendo ao seu redor, aquilo que ele estava evitando acontece… ele acaba casado.

“E era cedo demais para pensar no futuro de longo prazo que ele oferecera de forma tão impulsiva. Sempre era cedo demais. O futuro tinha o hábito de nunca ser como o esperado ou planejado.”


Sophia está acostumada a ser tratada como uma ninguém, jogada de um lado para o outro até se encontrar na casa de uma tia que só a enxergar como um transtorno. E por temer seu destino, aprendeu a ser invisível, sendo apelidada de ratinha por seus parentes. Nunca tem permissão para participar dos eventos sociais e o foco de seus tios são a filha “perfeita” para quem estão buscando o marido ideal e que esteja à altura de seus padrões. A verdade é que seus tios são mesquinhos, egocêntricos, arrogantes e cheios de si, não poupando qualquer esforço para conseguirem o que desejam, até tramar contra um jovem cego, mas de linhagem aristocrática.

Um Acordo & Nada Mais foi uma leitura deliciosa e que me proporcionou ver uma nova dinâmica nos romances de época. Aqui o romance ganhou um ritmo mais lento, justamente por ter começado pela conveniência, não houve aquela paixão avassaladora, a entrega precisou ser mais do coração, para depois partir para a carne. Foi de fato necessário trabalhar a confiança, o respeito, admiração, para que a união de tudo resultasse em uma forma pura e linda de amor. A beleza se tornou algo paralelo, não era o foco como nos demais, onde a beleza mais a personalidade eletrizante e a frente do tempo das mocinhas acabam atraindo seus pares. Aqui foi sobre o cuidado, sobre o instinto de proteção e a necessidade de fazer o que se julga “certo”, e pra mim, isso foi realmente um ponto positivo.

“— Estou feliz por não ser a única que precisa de cuidados em nosso casamento — disse ela. — Não que esteja feliz por você ser cego ou por ter esses ataques. Mas estou feliz que você não seja uma espécie de pilar de força sobre-humana. Eu não conseguiria sobrepujá-lo. Sou fraca demais, frágil demais. Nas nossas fraquezas, talvez possamos encontrar forças.”


Vincent, apesar de cego e das perturbações da guerra se adaptou perfeitamente bem, mesmo com suas “limitações” ele se prova forte, destemido, determinado, dono de um coração generoso, está sempre tentando proteger a todos que ama, fazer as pessoas a sua volta feliz. Um musicista de coração, que se esforça a cada dia para ir além de seus limites. Com muito senso de justiça, a necessidade de ajudar, de corrigir, mesmo tendo sido super protegido por sua família, cercado por mulheres que o sufocam, sem conseguir compreender de fato o que ele deseja, sem respeitar suas vontades, jamais se permitiu ser definido por isso, ou cair na cilada de usar sua cegueira como desculpa para não assumir suas responsabilidades. E então temos Sophia, sempre esquecida, oprimida, deixada de lado, apenas vendo a vida acontecer, sem de fato se julgar merecedora de ser feliz. Ela é muito altruísta, sensível, quer se sentir útil, incentivar e apoiar, uma jovem absurdamente simples, acostumada a ficar com o que descartavam, sem grandes ambições ou sonhos, mas que vai crescendo a cada capítulo, buscando por sua própria voz, por seu espaço e confiança e acompanhar sua jornada foi lindo.

“— Algumas pessoas escalam montanhas impossíveis. Algumas exploram lugares impossíveis. E o fazem simplesmente porque não conseguem ignorar o desafio do perigo ou da tentativa de realizar algo que parece impossível — disse ela. — Você, às vezes, não consegue resistir ao desejo de se libertar de sua cegueira ou pelo menos levá-la ao limite.”


Enfim, pra mim foi um romance delicado, sensível, que buscou abordar outras maneiras de fazer um amor florescer, com personagens que se encaixam muito bem, cheios de vida e que merecem ser absurdamente feliz. Por isso, deixo aqui minha indicação de leitura, vale cada página lida.
A Editora Arqueiro fez um trabalho lindo. A capa segue o mesmo padrão da primeira e confesso que amo esse modelo, a diagramação simples, porém impecável. Se tiverem a oportunidade, venha conhecer essa série que aborda muito mais que romances, fala sobre laços de amizades, perdas, feridas físicas e emocionais, e a descoberta de como voltar a viver, ser feliz e sentir merecedor das coisas boas que lhe acontecem.

Conheça outros livros da série:

Uma Proposta & Nada mais – RESENHA AQUI
Um Acordo & Nada mais
Uma Loucura & Nada mais – Pré-venda em breve.

UM ACORDO & NADA MAIS – Mary Balogh

Sinopse: Embora Vincent, o visconde Darleigh, tenha ficado cego no campo de batalha, está farto da interferência da mãe e das irmãs em sua vida. Por isso, quando elas o pressionam a se casar e, sem consultá-lo, lhe arranjam uma candidata a noiva, ele se sente vítima de uma emboscada e foge para o campo com a ajuda de seu criado. No entanto, logo se vê vítima de outra armadilha conjugal. Por sorte, é salvo por uma jovem desconhecida. Quando a Srta. Sophia Fry intervém em nome dele e é expulsa de casa pelos tios sem um tostão para viver, Vincent é obrigado a agir. Ele pode estar cego, mas consegue ver uma solução para os dois problemas: casamento. Aos poucos, a amizade e o companheirismo dos dois dão lugar a uma doce sedução, e o que era apenas um acordo frio se transforma em um fogo capaz de consumi-los. No segundo volume da série Clube dos Sobreviventes, você vai descobrir se um casamento nascido do desespero pode levar duas pessoas a encontrarem o amor de sua vida. “Essa história emocionante e envolvente transborda de um senso de humor sutil, diálogos brilhantes e uma sensualidade de tirar o fôlego.” – Library Journal “Esse livro revisita o tema do casamento de conveniência, unindo dois personagens heroicos e conflituosos que se entregam ao poder redentor do amor.” – Kirkus Reviews

Ficha técnica:
Romance de Época | Editora Arqueiro | 2018 | 1º Edição | 304 Páginas | O Clube dos Sobreviventes, Vol. 2 | Cortesia | Classificação: 5/5 | Onde encontrar: SKOOBAMAZON

Até a próxima! Bye. 

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Lili Aragão 12 de fevereiro de 2019 - 09:46

Cuidado, pureza e sensibilidade realmente definem essa história Bia. E que resenha linda essa sua <3

Eu fui surpreendida com o quanto curti essa leitura, Vincent não tinha me chamado tanto a atenção no primeiro livro, mas em sua própria história ele me ganhou.

A narrativa mais simples e encantadora da Mary nunca combinou tanto com os personagens e a história e preciso do próximo livro.

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Biia Rozante | Atitude Literária 12 de fevereiro de 2019 - 10:04

Oooii Lili. É uma linda história né? Eu também fui surpreendida, amei a maneira como a autora construiu os personagens e escolheu compor sua narrativa. Ansiosa demais pelo próximo, estou com altas expectativas. <3 Beijooooooooos

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