RESENHA: A Luz que Perdemos – Jill Santopolo | Editora Arqueiro

por Biia Rozante
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SÓ SEI SENTIR!

Peço licença para me expressar de maneira diferente, para fazer uma resenha, ou melhor, uma “não-resenha”, mas sim um abrir de coração, pois não sei como colocar em palavras minha experiencia de leitura de outra forma, se não assim, transparente e cristalina, leve e despretensiosa, uma conversa entre amigos. Se for honesta, A LUZ QUE PERDEMOS é contada deste modo, em tom de nostalgia, como se estivesse sentada de frente a protagonista e ela me contando sua história, enquanto se recorda, se deixa inundar pelas lembranças e emoções. Se questionando, se acusando, se culpando, desabafando. É tão real, quase que palpável, o que me fez sentir sua melhor amiga.

Lucy e Gabe se conheceram quando cursavam faculdade em Nova York, em um dos dias, se não o dia mais triste e marcante desta cidade, o atentado de 11 de setembro de 2001. Enquanto as chamas tomavam conta do local, o desespero das pessoas e as torres gêmeas se sucumbiam, um reconhecer de almas acontecia, eles se olharam intensamente, se reconheceram um no outro e decidiram que a partir dali fariam algo verdadeiramente significativo com suas vidas, capaz de fazer a diferença, de criar um novo olhar para as pessoas no mundo. Jovens, idealistas, cheios de sonhos, foram tocado profundamente por aquele horror, algo dentro de ambos mudou e pelos acasos acabaram se separando, seguindo em frente. Um ano depois eles se reencontram. Mesmo com o distanciamento, foi impossível se esquecerem um do outro e do quanto se conhecerem naquele dia foi importante e transformador. Incapazes de resistirem se entregam a um tipo de amor intenso, voraz, incontrolável, mas existe muito mais além disto, personalidades fortes, espíritos indomáveis, necessidades e inquietações. Sim, o amor nem sempre é tudo, nem sempre rege tudo, nem sempre é o suficiente.

“Parecia que o mundo tinha se fragmentado. Era como se tivéssemos atravessado um espelho estilhaçado e penetrado num espaço despedaçado atrás dele, onde nada fazia sentido. Como se nossos escudos tivessem caído por terra e nossas muralhas estivessem destruídas. Naquele lugar, não havia por que dizer não.”


Não irei entrar em detalhes, mas Lucy e Gabe acabam se separando, cada um seguindo seu caminho, buscando por seus sonhos, tentando acalmar os anseios de seus corações e ao longo destes anos enfrentam muitos encontros e desencontros. Hiatos de silêncio, saudade, questionamentos, o amor ainda existe, forte eu diria, porém inalcançável. Suas escolhas o separam, suas necessidades os afastam, e o inevitável acontece… a vida segue, mesmo que não como se esperava ou desejava.

A LUZ QUE PERDEMOS é muito mais que um romance. Fala sobre a busca desenfreada pela autossatisfação, plenitude, querer viver o melhor dos dois mundos, se esquecendo completamente que a cada escolha uma renúncia, um sacrifício, uma consequência. Aqui nos deparamos com dois jovens que mesmo se amando loucamente, não conseguem abrir mão, encontrar um equilíbrio, e talvez nem devam mesmo. Que ao longo de muitos anos irão se encontrar e desencontrar, sendo confrontados, questionados, mas jamais perdendo a ligação, o sentimento que nutrem um pelo outro. É intenso demais acompanhar essa jornada, se dar conta que o amor realmente não é tudo, existem muitas outras variáveis que nem sempre são compatíveis. Amar nem sempre é o suficiente, porém só quem já amou de verdade sabe o quanto é difícil deixá-lo partir, aceitar suas vontades, torcer por sua felicidade, mesmo que seja com outra pessoa, ou por outros objetivos. E ainda assim, torcer para viver nem se for apenas um minuto ao lado da pessoa amada.

“O amor faz isso. Faz você se sentir invencível e infinito, como se o mundo inteiro estivesse à nossa disposição, tudo pudesse ser conquistado e todo dia fosse repleto de maravilhas. Talvez porque nos abrimos para alguém, nos deixamos penetrar pelo outro. Ou talvez amar seja se doar tão profundamente a outra pessoa que o coração da gente se expande.”


Para a mim a autora quis nos fazer pensar sobre o peso de nossas escolhas, se estamos prontos para lidar com as consequências, se realmente queremos algo tão fortemente que para alcançar aceitaremos abrir mão de todo o resto. É sempre importante lembrar que somos indivíduos, pessoas únicas, seres com vontades e necessidades próprias e que não devemos deixar de correr atrás disto. Que tudo na vida é dosagem, equilíbrio. Que nada é eterno. A vida é uma só, não temos como ensaiar, escrever e reescrever cada um dos nossos dias, apagando o que não gostamos, por isso é importante ter consciência, estar ciente do que se quer e ser feliz. Não espere ser tarde demais para se dar conta de que tudo poderia ser diferente. A certeza nunca existirá, a vida é um eterno, E SE?

“Às vezes, tomamos decisões que achamos corretas, só que, mais tarde, percebemos que eram erros óbvios. Há, porém, algumas escolhas que continuam acertadas mesmo à luz do tempo. A despeito de todo mundo ter me desencorajado, mesmo agora, sabendo o que aconteceu depois (…)”.


Me envolvi com os personagens, com seus dramas e necessitei de mais, precisava de uma cena pós credito, de um epílogo, de algo que me direcionasse, que me desse algo para acalentar o meu coração. É importante ressaltar que isso é algo totalmente pessoal, EU raramente gosto de finais em aberto, que deixam subentendido, que me obriguem a criar o fim. Gosto do ponto final, da certeza. Enfim, somente por essa razão não dei cinco estrelas para a história, porque o final me deixou com o sentimento de OK, mas depois de uma leitura tão maravilhosa, quis um final a altura e não o achei suficiente.

“— Ninguém encontra o que quer se não souber o que procura.”


Não sei se é um livro que todos irão gostar, mas é um que com certeza indico a todos. Inspirador e reflexivo, é uma obra feita para confrontar, cutucar e nos fazer pensar sobre o que verdadeiramente é importante, sobre consequências e vida. Não sei se consegui me fazer entender, ou se entreguei uma resenha confusa, mas foi escrito de coração. Se tiverem a oportunidade LEIAM, se permitam, tenho certeza que algo irá te tocar.

Preciso dizer o quanto essa edição está linda. Capa texturizada, cheia de detalhes, diagramação simples e impecável. Parabéns Editora Arqueiro.

Uma curiosidade: O livro fez tanto sucesso que teve seus direitos adquiridos e será adaptado para o cinema. Aguardando ansiosamente e apreensiva já.


A LUZ QUE PERDEMOS


Sinopse: Lucy e Gabe se conhecem na faculdade na manhã de 11 de setembro de 2001. No mesmo instante, dois aviões colidem com as Torres Gêmeas. Ao ver as chamas arderem em Nova York, eles decidem que querem fazer algo importante com suas vidas, algo que promova uma diferença no mundo. Quando se veem de novo, um ano depois, parece um encontro predestinado. Só que Gabe é enviado ao Oriente Médio como fotojornalista e Lucy decide investir em sua carreira em Nova York. Nos treze anos que se seguem, o caminho dos dois se cruza e se afasta muitas vezes, numa odisseia de sonhos, desejo, ciúme, traição e, acima de tudo, amor. Lucy começa um relacionamento com o lindo e confiável Darren, enquanto Gabe viaja o mundo. Mesmo separados pela distância, eles jamais deixam o coração um do outro. Ao longo dessa jornada emocional, Lucy começa a se fazer perguntas fundamentais sobre destino e livre-arbítrio: será que foi o destino que os uniu? E, agora, é por escolha própria que eles estão separados?

Ficha técnica:
Romance | Editora Arqueiro | 2018 | 1º Edição | 272 Páginas | Cortesia | Classificação: 4/5 | SKOOBAMAZON
SOBRE A AUTORA:

JILL SANTOPOLO – é autora de séries infanto-juvenis de sucesso, além de diretora editorial da Philomel Books, selo infantil da Penguin. Formada pela Universidade Columbia, dá aulas de escrita criativa na New School, em Nova York. A luz que perdemos, seu primeiro romance para o público adulto, foi traduzido para 34 países e já teve os direitos vendidos para uma adaptação cinematográfica.


Até a próxima! Bye.

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Lili Aragão 3 de junho de 2018 - 10:35

Essa história parece que te pegou de jeito né Bia e é lindo ter um livro que se torna nosso amigo, conta sua história. Fiquei encantada com sua resenha, alias você sempre arrasa com suas palavras, me encanta e eu tava com saudade de suas resenhas por aqui <3
Linda resenha e mesmo o final não tendo sido assim tão bom pra ti espero conhecer essa história também mais a frente 😉 Bjks.

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Biia Rozante | Atitude Literária 7 de junho de 2018 - 21:04

OOooii Lili.
Simmmm, esse livro é muito especial. A mensagem que deixa é marcante de verdade. Leia sim, você vai amar.
Beijooooooooos e obrigada por sempre me apoiar e acreditar. Estou lutando diariamente para conseguir voltar com força total e manter esse cantinho que é tão especial.

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Lili Aragão 8 de junho de 2018 - 09:35

Seu cantinho é especial mesmo Bia, eu gosto muito 😀 Pode contar comigo 😉

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Jéssica Thaís 22 de setembro de 2021 - 09:20

Eu ganhei esse livro enquanto trabalhava em uma livraria. Deixei ele de lado por muito tempo, minha cota de romance esgotou por ler anos e anos de Danielle Steel. Foi quando resolvi me aventurar (preparando o terreno para ler Um Dia) e nossa. No final do livro eu estava em lágrimas!
Sua resenha ficou sensacional, eu arrepiei lendo. O peso das nossas escolhas e o amor passa esse livro 100%.

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Biia Rozante | Atitude Literária 23 de setembro de 2021 - 14:41

Oiiii. Obrigada por seu carinho. Essa leitura passa uma mensagem linda <3 Feliz que gostou. Beijooooooos

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