RESENHA: Contra Todas as Probabilidades do Amor – Rebekah Crane | Faro Editorial

por Biia Rozante
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A vida é como um sopro. Um sopro que muitas vezes negligenciamos, oprimimos, abandonamos, tememos. Um sopro suave, que pode se findar a qualquer momento, pela falta de motivação, entusiasmo, vontade, esperança, compreensão, fé e amor. O que temos feito para sustentar este sopro? O que temos feito para alimentar o sopro das pessoas a nossa volta? Ou será que estamos apenas trabalhando para ceifá-lo?
Caros leitores, estou impactada. Peguei o livro CONTRA TODAS AS PROBABILIDADES DO AMOR  para ler sem nenhuma pretensão. Quando li a sinopse pensei que seria uma leitura Ok, leve e fofinha, bem jovem e quando conclui a leitura… foi como se tivesse levado um soco no estômago, eu não estava preparada. Mal sabia o quanto este livro iria me tocar, conversar comigo, arrepiar, emocionar e me fazer refletir. Que surpresa maravilhosa. Que leitura INCRÍVEL.
Bem-vindos ao Acampamento Pádua, um local especializado em receber jovens com problemas emocionais e físicos, dispostos a ajudar os mesmos a enfrentarem qualquer tipo de dor. Zander é uma dessas jovens, e a principio não conseguimos entender o que de fato está acontecendo, o porquê de esta jovem ter sido enviada para lá por seus pais. Ao que tudo indica ela é “normal”, um pouco introspectiva, uma atleta empenhada, inteligente, porém absorta em sua dor, ela esconde algo, possuiu algumas regras e manias que indicam algum problema, mas nada que justifique a urgência.

“(…) Quando você se importa — seja muito ou seja pouco — você sofre.”

A verdade é que para os olhos de todos, sua vida é perfeita, adolescente rica, namorada do jogador de futebol da escola, notas excelentes, entretanto algo está errado e quando isso ficou evidente assustou a todos, principalmente os seus pais, que como medida desesperada a inscreveram no Acampamento Pádua. E à medida que conhecemos mais essa jovem, vamos compreendendo a dimensão da sua dor e quão importante é ela estar ali.
O Acampamento Pádua, é como um “hospital” alternativo, os jovens se encontram ali para dividir suas vivências, lutas, dores, para compartilharem o que faz mal e assim tentar aprender a lidar com todo esse turbilhão de emoções e perdas. Zander se sente deslocada, como se ela não pertencesse aquele lugar, ela não compreende os motivos de que estar ali, acredita que seus pais estão exagerando, e por muito tempo nós também temos essa sensação. Mas nada aqui é simples, rotineiro, clichê, muito pelo contrário, temos problemas sérios e reais.

“(…) Às vezes as pessoas estão perdidas porque têm muito medo de olhar para o caminho. Às vezes as pessoas evitam a estrada por temerem o que possa existir nela. É mais fácil permanecer oculto nas sombras e só observar.”

Estou com muita dificuldade de resenhar esse livro justamente por ele ter sido tão especial. Não consigo enxergar apenas um protagonista, apesar da história ser focada na Zander e ser contada por seus olhos e ponto de vista, pra mim a obra têm quatro protagonistas – Zander, Alex, Cassie e Grover -, cada um com sua angustia, medo, problema, trauma, necessidade. A aproximação entre eles foi tão natural, que me senti fazendo aquelas amizades, me sentado à mesa junto com eles, querendo confortá-los, abraça-los, ser capaz de ajudar de alguma forma. E ainda que meu tempo com eles tenha sido curto, foi intenso, denso e cru. Sim, desejei poder ter mais páginas, continuar a criar aquele vinculo, aquela intimidade. Mas precisei me despedir.

“(…) O vidro pode se quebrar, mas isso não significa que seja frágil. Às vezes, só o que nos resta são os cacos.”

Estou aqui de coração transbordando, querendo falar e falar sem parar. Peço desculpas pela resenha diferente, mas desde o começo do blog tenho batido na tecla de que sou muito mais emocional que racional, que expresso minhas experiências baseadas principalmente no quanto sinto, ao ler. Por isso às vezes fujo do cotidiano. A experiência de leitura neste tipo de enredo é muito individual. É o tipo de obra que fala diferente com cada pessoa. É mais que ler, é sentir, é viver aquilo, ser tocado.

“(…) Bem, algumas vezes a esperança é a única alternativa, porque a realidade é insuportável.”

Rebekah Crane criou uma história necessária. Abordou temas tabus de maneira austera, dolorosa e real. Seus personagens são complexos, suas lutas verossímeis, suas dores palpáveis. Ela nos faz refletir, questionar, sentir, a olhar fora do nosso próprio problema, a enxergar a pessoa do lado, a dar o peso que as coisas realmente merecem e não mais que isso. É um livro recheado de muitas lições, ensinamentos e efeito.
CONTRA TODAS AS PROBABILIDADES DO AMOR, é uma linda história de superação, aceitação, amor, família, amizade, fé, esperança e motivação. É sobre apoiar e ser apoiado, estender a mão, felicidade e vida. É sobre desacelerar, respirar fundo e recomeçar. As amizades estabelecidas, a forma como a autora trabalhou as aproximações, o ganho de confiança, até se sentirem seguros para se abrirem, desabrocharem… foi impecável. É um mesclar de emoções, você com certeza será tocado de alguma forma.

” (…) Às vezes quando à vida é barulhenta demais, o silêncio se torna essencial.”

A Faro Editorial fez um trabalho MARAVILHOSO com a obra. Que edição impecável, capa linda, diagramação simples e rica em detalhes, é possível sentir o carinho. Parabéns!

Enfim caros leitores, nada do que eu diga fará jus a obra, não soube me expressa como gostaria de fato, existe muito mais a ser dito, por isso peço que deem uma chance ao livro. É verdadeiramente uma bela história e muito tocante.

CONTRA TODAS AS PROBABILIDADES DO AMOR – Rebekah Crane

Sinopse: Sejam bem-vindos ao acampamento Pádua. Um retiro de verão para adolescentes problemáticos. Mas não se tratam de problemas comuns, como não querer estudar, mentir ou colar na prova. Não! Estamos falando de problemas reais. Alguns deles tão grandes, tão sérios, que até um adulto desmoronaria sob o peso deles. No acampamento, Zander, uma garota enviada pelos pais contra a sua vontade, encontra uma série de adolescentes na mesma situação, e com três deles ela estabelece uma relação de amizade — Grover, Alex e Cassie. Todos os quatro são tão diferentes quanto as pessoas podem ser, mas têm algo em comum — eles estão quebrados por dentro. Em meio às sessões de grupo e, à medida em que o verão dá as caras, os quatro revelam seus trágicos segredos. Zander encontra-se atraída pelos encantos de Grover, e então começa a se perguntar, depois de muito tempo, se pode apostar em ser feliz novamente. Mas, antes, ela precisa lidar abertamente com seus problemas, para poder juntar seus pedaços e reconstruir sua vida Você pode pensar que se trata de uma história triste. E há partes duras sim, mas, Rebekah Crane consegue mostrar como na dificuldade podemos encontrar uma saída. Isso é uma das coisas que faz o livro completamente encantador, divertido e doce, capaz de deixar em você um grande sorriso no rosto.

Ficha técnica:
Jovem Adulto | Faro Editorial | 2018 | 1º Edição | Páginas | Classificação: 5/5 ❤ | SKOOBAMAZON

Até a próxima! Bye.

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Lili Aragão 15 de maio de 2018 - 09:46

Olhando essa capa eu não esperava que esse livro fosse tão intenso como descreveu sua resenha e fiquei bem curiosa sobre ele e seus personagens, mesmo vendo tudo pelos olhos de Zander, vários deles parecem ter te conquistado e tocado com suas histórias o que é bem positivo pra história. Gostei demais da resenha Bia, fiquei bem curiosa e espero ter a oportunidade de ler esse livro também mais a frente 😉

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Biia Rozante | Atitude Literária 15 de maio de 2018 - 16:54

Oooiii Lili. Sim, a capa dá uma enganada, mas ela é perfeita para a história. É lindaaa, uma montanha-russa de emoções. Vale muito a leitura e a Faro arrasa em suas edições. <3

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