RESENHA: A Mulher na Janela – A. J. Finn | Editora Arqueiro

por Biia Rozante
0 comentário
E quando um livro te deixa sem palavras e ainda assim sua mente fervilha com um milhão delas – incrível, imprevisível, arrepiante, surpreendente, intenso -, parece confuso, mas a verdade é que não encontro outra maneira de descrever A MULHER NA JANELA que não seja assim. Tudo sobre este livro é de roubar o fôlego, são inúmeras as charadas, recebemos muitas dicas ao longo dos capítulos e o desenrolar da trama nos deixa aflitos, agoniados e questionando tudo e todos. Essa foi uma das coisas que mais amei sobre o livro, o autor A. J. Finn teceu sua teia com maestria, fazendo em determinado momento que questionássemos a nossa própria sanidade, duvidando do que lemos e do que tínhamos certeza – como se pudéssemos ter certeza sobre qualquer coisa! – e quando dá o golpe final… SOCORRO eu não estava preparada, me arrepiou inteira.

Anna Fox é uma mulher reclusa, ela sofre de agorafobia e seu único contato com o mundo exterior é através de sua câmera e da internet, isso ocorreu após algo mudar completamente sua vida e afastar seu marido e filha. Ela ama filmes antigos, espionar os vizinhos com sua câmera pela janela e ajudar pessoas em fóruns de sua fobia pela internet – essa é a maneira que encontrou para continuar se sentindo útil, para manter uma ligação com sua profissão – psicóloga -, sem ser apenas como paciente. E claro, tomar algumas taças de vinho, algo que ela deveria evitar, principalmente por estar tomando remédios psiquiátricos tão pesados.

“(…) Bisbilhotar é como fotografar a natureza: a gente não interfere no que está vendo.”


Sua rotina parecia estabelecida e tranquila até que uma nova família se muda para a casa do outro lado do parque, ficando bem de frente para a sua. De imediato eles chamam sua atenção e Anna passa a acompanhar o dia a dia desta família, até que algo terrível acontece e isso a deixa transtornada, o problema é que ninguém parece acreditar nela, devido ao excesso de bebida misturado com seus muitos medicamentos, Anna se torna uma testemunha descartável, perdendo a credibilidade e até duvidando de si. Porém, ela sabe o que viu, está paranoica com o que aconteceu e à medida que tenta juntar as peças e desvendar o quebra-cabeça a sua frente, tudo se volta contra ela. O que é fantasia, ou verdade? Terá ela criado uma realidade alternativa? Estaria ficando louca?

“Minha cabeça é um pântano profundo e salobro, fatos e fantasias trocando abraços, confundindo-se uns com os outros.”


Anna me cativou desde as primeiras páginas, ela conseguiu me envolver em sua mente e passei a ler a história como se estivesse vendo um filme. É nítido que ela tem um problema com a bebida, mas não chega a ser algo que a tire totalmente da realidade, pelo menos é isso que sentimos a princípio. Apesar de sua fobia e dificuldade em sair de casa, ela se revela bem ativa, faz aulas de francês, toma sua medicação, se exercita, faz acompanhamento médico e aceita receber algumas pessoas em sua casa. E talvez por essa naturalidade e aparente normalidade não nos atentamos ao que está sendo construído em sua mente e ao seu redor e acabamos sendo surpreendidos totalmente com os acontecimentos.

“— O mundo pode der um lugar bonito — insiste Jane, séria; firme no olhar, firme na voz. — Não se esqueça disso. — Ela se recosta na cadeira e apaga o cigarro na tigela. — E não abra mão dele.”


A MULHER NA JANELA é muito mais que apenas um thriller psicológico, o livro aborda diversos temas e os entrelaça com sabedoria e sutileza. É importante ressaltar a riqueza de detalhes, o enredo é muito bem construído, nada aqui é aleatório ou impensado, a impressão que tive é que tudo foi muito bem calculado, planejado e posicionado de maneira perfeita no intuito de persuadir, de levar o leitor para as mais diversas direções, questionando não apenas a sanidade da protagonista como a dele próprio e isso foi realmente sensacional. A obra aborda temas como violência doméstica, relações familiares, automedicação, abuso de bebidas alcoólicas, agorafobia e outros que com certeza não posso mencionar aqui, pois seria um grande spoiler. É de fato um livro muito completo e que não deixa nada em aberto e sem respostas.

“(…) parafraseando Einstein: “A definição de insanidade, Fox, é repetir a mesma coisa o tempo todo e esperar resultados diferentes.” Então, pare de pensar e comece a agir.”


Após iniciar a leitura foi praticamente impossível largá-la, me senti uma viciada, tamanha minha curiosidade, necessidade de compreender os fatos e encontrar respostas. Meu coração foi dilacerado, chocado e levado para uma montanha-russa de emoções. São tantas as reviravoltas, os caminhos sem saída e a realidade de uma mulher buscando a cura que… SENSACIONAL, não tenho outra palavra a não ser essa para descrever a obra.

“(…) Sei que o céu é um oceano às avessas, vasto e profundo…”


Gostaria de poder ficar aqui discorrendo sobre o assunto, conversando abertamente sobre tudo que me fascinou e atormentou, mas infelizmente não posso. Mas, posso te indicar fortemente a leitura e te garantir que com certeza você irá amar.

A MULHER NA JANELA é o livro de estreia do autor A. J. FINN – imagina o que esperar dos próximos, expectativas lá no alto -, é isso que chamo de estrear em grande estilo. Com uma narrativa fluida, envolvente, dinâmica, o autor soube dosar seu texto, desviar o foco e a atenção de seus leitores, são tantos os pontos a se pensar, vários temas sendo abordados que acabamos focando em todos os problemas envolvendo a trama que deixamos de notar as pistas sutis que o autor está nos dando.

A procura de um suspense envolvente, de uma leitura inquietante e viciante? A MULHER NA JANELA é o livro certo para você e se por um acaso você não for um grande fã do gênero, ou estiver à procura de uma obra para conhecê-lo, fica aqui uma ótima sugestão.

A MULHER NA JANELA – A. J. Finn

Sinopse: Anna Fox mora sozinha na bela casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e… espionando os vizinhos. Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente – se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir.Mas será que o que testemunhou aconteceu mesmo? O que é realidade? O que é imaginação? Existe realmente alguém em perigo? E quem está no controle? Neste thriller diabolicamente viciante, ninguém – e nada – é o que parece. A mulher na janela é um suspense psicológico engenhoso e comovente que remete ao melhor de Hitchcock.

Ficha técnica:
Thriller Psicológico, Suspense | Editora Arqueiro | 1º Edição | 2018 | 352 Páginas | Cortesia | Classificação: 5/5 ❤ | SKOOBAMAZON

SOBRE O AUTOR

A. J. FINN, formado em Oxford, A. J. Finn é ex-crítico literário e já escreveu para diversas publicações, incluindo Los Angeles Times, The Washington Post e The Times Literary Supplement. A mulher na janela, seu primeiro romance, foi vendido para 36 países e está sendo adaptado para o cinema numa grande produção da 20th Century Fox. Natural de Nova York, Finn viveu por dez anos na Inglaterra antes de voltar para sua cidade natal, onde mora atualmente.


Até a próxima! Bye

LEIA TAMBÉM

0 comentário

Lili Aragão 23 de abril de 2018 - 09:08

Oi Bia, eu mais vejo do que leio thrillers psicológicos mas achei a resenha bem interessante e até fiquei curiosa sobre esse lançamento, que tá bem falado ultimamente. O fato do autor fazer o leitor duvidar de si mesmo demonstra uma grande qualidade em sua escrita e tua resenha empolga ainda mais o leitor pra ler.
As tuas impressões estão bem positivas e curti muito o que li, surgindo a oportunidade vou querer ler sim 😉

Responder
Biia Rozante | Atitude Literária 10 de maio de 2018 - 20:38

Oooooiii Lili. Eu AMEI a leitura, fui surpreendida demais. É arrepiante, emocionante e angustiante. O autor foi muito sagaz, pensou em cada detalhe. Se tiver a oportunidade, leia sim. Beijos

Responder

Deixe um COmentário