Classificação: 4/5 |
Sinopse: Depois da morte de seu amigo, Sam parece um fantasma vagando pelos corredores da escola o que não é muito diferente de antes. Ele sabe que tem que aceitar o que Hayden fez, mas se culpa pelo que aconteceu e não consegue mudar o que sente. Enquanto ouve música por música da lista deixada por Hayden, Sam tenta descobrir o que exatamente aconteceu naquela noite. E, quanto mais ele ouve e reflete sobre o passado, mais segredos descobre sobre seu amigo e sobre a vida que ele levava. A PLAYLIST DE HAYDEN é uma história inquietante sobre perda, raiva, superação e bullying. Acima de tudo, sobre encontrar esperança quando essa parte parece ser a mais difícil.
A Playlist de Hayden é uma história inquietante, do tipo que te obriga a parar algumas vezes para respirar fundo e tomar uma água. Um livro intenso, que mexe com o emocional, que te faz questionar princípios, valores, opiniões e por que não sua própria sanidade? Um tapa na cara da sociedade.
É difícil falar desse livro, é totalmente complicado não me envolver e me sentir impotente tentando resenhá-lo, não apenas porque sei que independente do que escrever aqui não farei jus aos temas abordados no livro, mas sim porque um dia eu fui a pessoa com a vontade de cometer suicídio e ler sobre isso, foi como voltar no tempo e reviver cada lembrança que com tanto esforço eu escondi no fundo do meu ser.
Uma história real, um tema vivo em nosso meio, uma noticia que infelizmente está presente todos os dias nos jornais, uma estatística que só faz crescer e um final inexistente. É assim que começo a falar sobre A Playlist de Hayden, um livro que aborda o polemico suicídio, bullyng, preconceito, relações familiares quebradas e justiça com as próprias mãos.
O livro conta a história de dois amigos, Sam e Hayden, dois jovens tímidos, viciados em videogames e histórias em quadrinhos, que se sentem desajustados e que sofrem constantemente bullyng. Hayden comete suicídio, mas deixa uma playlist, e conforme lemos e escutamos cada canção, vamos descobrindo as pistas, os desabafos e os gritos de uma alma que clamava por compreensão, que gritava por socorro. Sam é a pessoa a encontrá-lo, seu melhor amigo se foi, sua única pista do que aconteceu é um bilhete “OUÇA. VOCÊ VAI ENTENDER.” e um pendrive, com uma playlist.
É então, que Sam embarca em uma busca por resposta, tentando compreender o que aconteceu, o que levou Hayden a tomar tal medida desesperada. E nós junto com ele, vamos a cada novo capítulo e música tentar desvendar o mistério. E passamos a conhecer como era a vida dos meninos.
Sam, é alto, magrelo, nerd e tímido. Ao contrário de Hayden que vem de uma família rica, Sam é pobre mora com a mãe e com a irmã e se encontra completamente confuso, se sentindo culpado pela morte do melhor amigo e sozinho, e em meio a sua busca por respostas, encontra Astrid, uma jovem que revela a ele, segredos que Hayden não o havia contado. Oferecendo mais pistas e uma nova direção para compreender o que realmente aconteceu na trágica noite.
A Playlist de Hayden é um livro intenso, que nos da um tapa na cara, que abre nossos olhos, que questiona nossas próprias atitudes e conceitos, fala sobre o julgamento, relações familiares conturbadas, aceitação dos próprios defeitos e que todas as histórias possuem dois lados. Aborda temas complexos como o preconceito: preconceito estético, homofóbico, social e preconceito com as diferenças, gostos e escolhas. É triste ver que o que deveria nos unir é justamente o que nos separa. As diferenças deveriam completar e ao invés disso ela nos divide. Fala também sobre a importância dos alicerces, a necessidade de uma boa relação familiar, ter alguém que converse, que escute, que apoie, alguém que compreenda suas dores e lutas, que não te julgue ou critique. Trás a tona o quanto o Bullyng é doentio, venenoso, é como um câncer que vai te comendo lentamente, sugando sua vitalidade e força, não apenas para quem sofre o bullyng, mas também para quem o pratica. Trás a tona a vingança, a necessidade de se fazer justiça com as próprias mãos, nos fazendo refletir sobre até que ponto a raiva e o ódio nos domina.
“Muitas pessoas querem ser invisíveis. Talvez elas até pensem que podem fingir que são. Mas sempre alguém as vê.”
Além claro, de trazer a tona o Suicídio. Eu posso até ser apedrejada pelo que vou dizer agora, mas de certo modo eu compreendo a atitude do Hayden, mesmo que isso não justifique a ação. Ninguém deveria se sentir motivado a acabar com a própria vida. Ninguém deveria ver a morte como única solução. Mas conforme vamos lendo, vamos nos dando conta de que para ele, diante de tudo o que ele vinha sofrendo, do modo como aquela noite terminou, suas esperanças se dissipando, a escuridão tomando conta, essa atitude foi sua única fuga. Um modo de acabar com tudo, por um ponto final. Foi impossível não me recordar de uma passagem do poema Minh’Alma é Triste, Casimiro de Abreu – Minh’alma murcha, mas ninguém entende, que a pobrezinha só de amor precisa – E sim eu acredito que o AMOR é chave de tudo: Amor em todas as suas forma, amor próprio, amor familiar, amor de amigo, amor pelo próximo, amor pelas diferenças… Quando se está em meio a esse tornado de emoções é indispensável ter apoio, suporte, pessoas a quem você possa se agarrar. E quando se é jovem infelizmente tudo parece maior, mais caótico, complicado e sem solução, por isso que muitos jovens se escondem, criam faxadas, falsos sorrisos, e sofrem sozinhos. E o resultado na maioria das vezes na busca pela tão sonhada libertação da dor, e da aflição é irreversível… A morte.
” – Não julgue só porque eles curtem coisas diferentes das que você gosta. Vou te dizer a mesma coisa que falei para o Hayden: aposto que você tem mais em comum com alguns deles do que imagina.”
A Playlist de Hayden serve como um aviso, elas nos ensina que precisamos parar para escutar, que as pessoas a nossa volta estão tentando se fazer ouvir. Nos mostra que todos nós vivemos sobre uma mascará, mostramos ao mundo apenas o que queremos que eles vejam, mas é em nosso intimo que as verdadeiras batalhas acontecem. Ele te convida a parar, respirar, analisar sua vida, ouvir seus familiares e amigos, ele te convida a olhar com outros olhos, a abrir sua visão e apenas prestar atenção.
”O que me fez pensar se todo mundo tinha uma vida secreta, aqueles aspectos da gente que não combinavam com o que pareciam ser.”
Esse é um livro que recomendo e muito a leitura, eu digo que todos deveriam conhecer essa obra, porque tenho certeza que não irão se arrepender. A autora me surpreendeu, me deixou aflita, me emocionou e tudo isso com muita delicadeza e sabedoria. Um livro envolvente e muito bem escrito, apesar que senti falta de um epílogo ou um pouco mais do capítulo final explorando a relação de Astrid e Sam, assim como fechar a história totalmente, ao terminar de ler, fiquei com aquela sensação de que faltou algo… Sabe, algo como – E então? Mas essa é a minha opinião. Não se preocupem nenhum desses apontamentos tiram a beleza da história ou minimaliza o trabalho maravilhoso da autora, o livro realmente merece uma chance e ser lido por você.
“Se havia alguma coisa que eu aprendera com a playlist, é que ouvir as pessoas pode ser importante.”
0 comentário
Biia estou completamente emocionada com sua resenha!
Eu li a degustação que a editora enviou e consegui me emocionar com poucas páginas, o livro chegou ontem e a vontade de passa-lo na frente é gritante. Sua resenha tocou o meu coração e a minha alma.
Sou tua fã.
Beijos
Débora | http://www.emcadapagina.com
Deb <3 Você vai amar. É lindo, merece ser lido. Obrigada pelo carinho. Beijooos.