Caros, leitores! Hoje estamos sendo invadidos por um clube de motoqueiros, estúdio de tatuagem, muita testosterona, tatuagens e uma protagonista que contrasta com todo este universo. UNDER LOCKE da autora Mariana Zapata, é um lançamento da EDITORA CHARME, e nos entrega aquele slow burn gostosinho, que é sua marca registrada.
Iris Taylor, acabou de se mudar para Austin, onde irá morar com seu meio-irmão Sonny. Sua vida anda toda bagunçada e ela precisa desesperadamente decidir como irá seguir a partir dali. Com o saldo bancário cada vez mais baixo, ela só agradece ao seu irmão, por ter lhe arrumado um emprego tão rápido, ainda que não seja em um local ao qual ela acredite se moldar muito bem… O estúdio de tatuagem Pins and Needles, que tem como proprietário o amigo do seu irmão, Dex Locke. Dex, o babaca, o cretino, o cruel, mal-humorado, o grosseiro… acredite os elogios poderiam seguir. Dex que pode ser uma grande pedra no sapato de qualquer pessoa. Ainda que ele seja deslumbrante para os olhos, basta abrir a boca para despertar o que há de pior nela. Porém, ela precisa muito do emprego. Se primeiras impressões fossem as que realmente ficassem, Dex e Iris, jamais se permitiriam uma segunda chance, já que inicialmente eles são como polos opostos. Mas, e se as coisas caminhassem para que eles pudessem passar mais tempo juntos, e ainda pudessem confrontar a maneira como se sentem quando estão perto um do outro?
“(…) Na verdade, eu queria perguntar a ele se tinha vendido a alma ou se nunca tivera uma para começar.”
Sim, Mariana Zapata conseguiu criar o seu protagonista mais irritante de todos os tempos, Dex Locke e olha… com louvor. Se é possível meter mais os pés pelas mãos do que ele faz, até então eu desconheço. Dex é dono de uma beleza imponente, que chama atenção por anda passa, e ainda assim, ele é como um repelente humano, basta que ele abra a boca quando está tendo um dia ruim, que tudo ao seu redor desmorona. Mas seria isso, uma fachada? Dex é um homem de poucas palavras, um tatuador talentoso, e membro de um clube de motoqueiros. E para deixar qualquer um confuso, suas ações costumam ser bem diferentes do que seu comportamento irritadiço, por debaixo de sua altura e músculos, encontramos um homem leal, generoso, que defende quem ele ama, mas que foi moldado por um passado que o tornou reservado e cauteloso ao se abrir para os outros.
Iris e Dex não começam muito bem, e no dia seguinte… as cosias seguem indo mal. Existe tanta tensão entre ambos, que até conversar exige esforço demais. A sorte da Iris, é que tem outros tatuadores no estúdio. Iris é toda certinha, não fala palavrão, usa roupas recatadas, se mantém sempre na linha, é vegetariana e o Dex… como defini-lo? ele é como um rolo compressor, exalando problemas e pecado em cada poro. Já deu para perceber que a aproximação entre eles não será fácil, e quem liga para um pouco de desafio? Uma amizade inesperada irá colocá-los cada vez mais próximos, em um jogo de verdades e confrontação. Uma dinâmica complexa, sensual, com momentos hilários e uma atração que é palpável e que evolui ao longo da história. Mas, como eu disse inicialmente, além do estúdio de tatuagem, também estamos inseridos em um clube de motoqueiros, o que significa… muitos problemas, legados, família, dívidas e uma verdadeira corrida contra o tempo.
À medida que os personagens lutam com seus demônios internos, somos levados a um turbilhão de emoções, torcendo por eles enquanto superam obstáculos, enfrentam desafios e descobrem a força interior para seguir em frente. A escrita envolvente de Mariana Zapata transporta os leitores para um universo onde as cicatrizes do passado não determinam o futuro, mas sim fortalecem o caminho em direção ao amor e à redenção.
“A ânsia de me jogar no chão, arrancar o meu coração do peito e estendê-lo como se fosse uma oferenda sagrada foi esmagadora. Leve! Leve tudo o que é meu!, eu diria aos berros.”
Como vocês já estão cansados de saber, eu AMO a escrita da Mariana Zapata, ela é envolvente, viciante, fluida e quando damos por nós, estamos em um looping eterno de virar e virar as páginas sem nem perceber. E apesar de ter encontrado isto aqui, este livro é o que menos gostei da autora até então. Dex é… incrivelmente desagradável, ele é grosseiro, instável, arrogante, sem paciência, um ser possessivo, que só falta sair arrastando a mulher pelos cabelos. E a autora até consegue compensar essa primeira impressão horrorosa que ela deixa no começo do livro, mas não teve jeito, eu ainda estava remoendo as falas e ações iniciais, e isso não quer dizer que em determinado momento eu não tenha me divertido, rido, e até entendido o porquê de ele ser assim, é só que acabou por ser um gatilho meu. Iris, vive um momento delicado, ela precisa de dinheiro, ou seja, ela precisa trabalhar, está morando de favor com o meio irmão, seu passado é doloroso, ela já enfrentou muita coisa, doença, e a criação de um irmão mais novo, carrega muitas culpas, inseguranças e receios. E o trabalho com Dex, é para ser seu recomeço e ele é péssimo, um chefe tóxico, e ali eu vi a necessidade falando mais alto, e me engatilhou. Só quem já passou por isso vai ser capaz de entender. É a impotência da necessidade, de realmente não ter outra opção no momento, que te faz engolir em seco e aceitar o inaceitável. E quem fala que jamais se submeteria a algo assim, é porque nunca precisou ser o provedor, a fonte, segurar as pontas de verdade. E isso dói. Drena tua confiança, sua autoestima, sua capacidade de enxergar novas oportunidades. Enfim… além deste primeiro apontamento, eu também não consegui me conectar com os personagens, por diversas vezes achei a Iris chata, com excesso de fragilidade, e cheguei a torcer para que o livro tivesse sido mais enxugado, e tudo isso acabou por ser um fator determinante na minha experiencia de leitura, que não foi de todo ruim, mas não chegou nem perto de ser tão incrível quanto sempre foi até aqui. E reforço mais uma vez, essa é MINHA experiencia de leitura, e ela envolveu algo que conversava de uma maneira particular comigo.
Fica aqui mais essa indicação de leitura, eu sempre falo que a única maneira de saber se você vai ou não gostar de um livro é lendo, porque cada história reage de uma maneira diferente para cada leitor. A Edição da Editora Charme está lindíssima. E como estamos falando da Zapata, sempre vale a pena, até porque você sempre encontra personagens já queridinhos de outras tramas, é o zapataverso. Aproveita e lê todos os demais livros da autora já publicados por aqui.
RESENHA – Espere Por Mim
RESENHA – Kulti
RESENHA – Querido Aaron
UNDER LOCKE
Sinopse: Ele era meu chefe, amigo do meu irmão, membro do Moto Clube Fábrica de Viúvas, um ex-presidiário e um homem que eu tinha visto casualmente com algumas mulheres. Só que ele era tudo o que me cativava, tanto a parte boa quanto a ruim. Na pior das hipóteses, se as coisas ficassem esquisitas entre nós, eu poderia ir para outro lugar. Eu já tinha superado um dissabor épico antes; um a mais não me mataria. Depois de se mudar para Austin após seis meses desempregada, Iris Taylor sabe que deveria estar feliz por ter conseguido um emprego tão depressa… Só que Dex Locke pode ser simplesmente o maior babaca que ela já conheceu. Ele é grosso, impaciente e não trata ninguém bem. E a última coisa que eles esperavam era conhecer um ao outro. Mas era ou o clube de strip ou o estúdio de tatuagens. … ela deveria ter escolhido o clube de strip. “Flor, eu escolhi tudo e todos aqui a dedo. Sei o que quero e consigo o que quero”, ele disse com um suspiro. “E eu cuido do que é meu.”
Ficha técnica:
Romance, Slow Burn | Mariana Zapata | Editora Charme | 2023 | 1ª Edição | 552 páginas| Tradução: Monique D’Orazio | Classificação indicativa: 18+ | Cortesia | Minha avaliação: 3,5/5 | Onde encontrar: SKOOB – AMAZON – LOJA CHARME.
Até a próxima! Bye.