Jardim de Inverno – Kristin Hannah | Novo Conceito ( #12LivrosPara2019 – 1)

por Biia Rozante
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Alguns livros possuem um dom único de nos arrebatar e levar para outras dimensões emocionais. Leituras que conseguem drenar forças, roubar o fôlego, arrepiar, angustiar e se enraizar em nosso coração para sempre serem lembradas com muito carinho. JARDIM DE INVERNO é um destes poucos livros intensos e únicos, que ao concluirmos a leitura, a sensação que persiste é de que pelo menos um pouquinho aprendemos, crescemos e nos tornamos melhores.

Uma família que foge ao comum, que sempre teve como elo a figura de um pai que tentou o seu melhor para equilibrar os “ânimos” e emoções entre mãe e filhas. Duas jovens que cresceram sem compreender as atitudes da mãe e que lidaram de maneiras diferentes com o quanto essa “ausência” e falta de afeto as atingiram e refletiu em quem se tornaram. Uma mulher fria, distante, calada, praticamente intocável, absorta em seu próprio mundo, presa em sua própria mente, com segredos e um passado misterioso. Elos unidos por um misero fio… que se rompe, trazendo à tona a verdade por trás de um conto de fadas e um Jardim de Inverno.

“O pai dela estava morrendo. Nada podia mudar isso. Palavras eram como moedinhas, caíam nos cantos e rachaduras, não vali a pena recuperá-las.”


Anya é o tipo de mãe que a principio parece não amar suas filhas, mesmo que ambas, Meredith e Nina, tentem de todas as maneiras atrair sua atenção, provocar reações e mostrar a ela o quanto a amam. Entretanto, crescer com esse distanciamento, faz com que elas “desistam” de tentar encontrar respostas, ou até mesmo, aprovação naquela que as colocou no mundo. O consolo e o afeto sempre veio do pai, um homem de coração gigante, amoroso, gentil e muito sábio, que nunca poupou forças para mediar essa relação entre mãe e filhas, ao mesmo tempo em que as compreendia e amava incondicionalmente. Infelizmente esse elo se rompe, o pai falece, mas antes faz um pedido: Que as meninas tentem conhecer a mãe, que façam com que ela termine de contar um conto de fadas que contava para elas em sua infância, mas que conte o verdadeiro, o completo.

O problema é que mesmo diante de tamanha perda, Anya parece nunca reagir, incapaz de esboçar reações, incapaz de pelo menos sentir, o que faz com que as meninas receiem tentar conversar, se aproximar, mas até mesmo ela que parece feita de aço demonstra sinais de fraqueza e vulnerabilidade, pequenas crises que aos poucos revelam o ser humano por baixo da armadura, e um conto de fadas que oculta/ameniza uma história dolorosa da vida real, mais ou menos, sessenta e cinco anos de uma história guardada a sete chaves, que tem como cenário uma Leningrado da Segunda Guerra – atual São Petersburgo -, a América e o Alasca.

“— Nós, mulheres, fazemos escolhas por outros, não por nós mesmas, e, quando somos mães, nós… suportamos o que for preciso por nossas crianças. Você vai protege-las. Isso vai doer em você; isso vai doer nelas. Seu trabalho é esconder que seu coração está se partindo e fazer o que elas precisam que você faça.”


QUE LIVRO INCRÍVEL! Não consigo descrevê-lo de outra maneira. É uma história arrebatadora, dolorosa, intensa, mas… MARAVILHOSA! que vai se construindo aos poucos, que a principio nos deixa em dúvida justamente pela pouca informação e pontas soltas, mas que vai se costurando e preenchendo com o passar dos capítulos.

O que mais me marcou no inicio da leitura foram as barreiras entre mãe e filhas, a forma como aquela mulher aparentemente intacta, não conseguia nem ao menos encarar suas meninas nos olhos, até ficar no mesmo ambiente, tudo aquilo me parecia doloroso e cruel demais, sem explicação ou motivo aparente. Anos se passam diante deste cenário, até que nos deparamos com duas adultas opostas e até mesmo distantes. Meredith optou por continuar perto dos pais e trabalhar com o pai, mesmo depois de casada e se tornar mãe. Uma mulher centrada, inteligente, que encontrou no trabalho a fuga que precisava para todos os seus problemas – emocionais e matrimoniais -, colocando em segundo plano o marido e as filhas, ainda que de maneira inconsciente. Nina, que sempre foi a de espirito livre, aventureira, encontrou fuga em sua carreira de fotojornalista, indo de um lugar para o outro sem criar raízes, ou se permitir se tornar algo permanente para alguém, onde a menor ameaça a isso, faz com que arrume as malas e volte a viajar para um novo cenário de devastação. A reaproximação destas mulheres ocorre no momento de maior dor para todas. E cada uma expressa isso de uma maneira diferente e esperam umas das outras, atitudes que não coincidem com o que são, o que só gera mais frustração e dificuldade nesse relacionamento. A única que aparentemente segue da mesma maneira é Anya, mas até sua força se abala e faz com que demônios do passado voltem para assombrá-la, colocando em foco segredos pelos quais ela sempre lutou para esconder.

“— Às vezes, a porta simplesmente se fecha com uma batida, sabe? E você fica sozinha.”


E é aí que a segunda parte e a que mais me marcou entra, a veracidade, a dor dos fatos, daquilo que nem se quer imaginei vem à tona, quando percebi que julguei sem saber, sem conhecer o outro lado da história, que havia me fechado para a verdade, foi… doloroso, angustiante e completamente chocante. Continuar a leitura não foi fácil. Cada página dilacerava meu coração mais e mais, era como se estivesse presente, sentindo na pele, mas a verdade é que sou incapaz de imaginar, de me colocar no lugar, de se quer suportar a ideia de tudo aquilo que aconteceu e de como foi suportado sem que gerasse loucura. E por essa razão JARDIM DE INVERNO se tornou tão especial, única e inesquecível para mim.

Não posso entrar em detalhes e não sei como tornar essa “resenha” menos superficial, mas gostaria muito de que você desse uma chance a este livro. Te garanto que ele não será apenas mais uma leitura, não será somente mais um livro, vai te tirar da zona de conforto, vai te fazer pensar, questionar e sentir. Amei, amei e amei.

Guerra, dor, perda, perdão, cura e AMOR! Até onde você iria por aqueles que ama? O que você faria se não te restasse mais nada? E se até mesmo a esperança acabar, pelo que lutar?

Caso você se interesse, fiz um vídeo dando cinco motivos para que você leia ao livro – AQUI

JARDIM DE INVERNO – Kristin Hannah

Sinopse: Meredith e Nina Whiston são tão diferentes quanto duas irmãs podem ser. Uma ficou em casa para cuidar dos filhos e da família. A outra seguiu seus sonhos e viajou o mundo para tornar-se uma fotojornalista famosa. No entanto, com a doença de seu amado pai, as irmãs encontram-se novamente, agora ao lado de sua fria mãe, Anya, que, mesmo nesta situação, não consegue oferecer qualquer conforto às filhas. A verdade é que Anya tem um motivo muito forte para ser assim distante: uma comovente história de amor que se estende por mais de 65 anos entre a gelada Leningrado da Segunda Guerra e o não menos frio Alasca. Para cumprir uma promessa ao pai em seu leito de morte, as irmãs Whiston deverão se esforçar e fazer com que a mãe lhes conte esta extraordinária história. Meredith e Nina vão, finalmente, conhecer o passado secreto de sua mãe e descobrir uma verdade tão terrível que abalará o alicerce de sua família… E mudará tudo o que elas pensam que são. “Difícil não rir um tanto e chorar ainda mais com a história de mãe e filhas que se descobrem no último momento.” — Publishers Weekly A história que sua mãe conta é como nenhuma outra já ouvida por elas antes ― uma história de amor cativante e misteriosa que dura mais de sessenta anos e parte da Leningrad congelada e devastada pela guerra até o Alasca, nos dias atuais. A obessão de Nina por esconder a verdade as levará a uma inesperada jornada ao passado de sua mãe, onde descobrirão um segredo tão chocante, que abala a estrutura da família e muda quem elas acreditam ser.

Ficha técnica:
Romance, Drama | Novo Conceito | 2013 | 1º Edição | 416 Páginas | Classificação: 5/5 ❤| Onde encontrar: SKOOBAMAZON

Até a próxima! Bye. 

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